Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quarta-feira, agosto 31, 2011

Aspectos de um país ainda solidário



No momento em que tanto se fala, se sente e debate a crise económica e social vivenciada pelo país e das dificuldades de cada dia, vem esta reflexão a propósito da proximidade da abertura do novo ano escolar e da acção de várias autarquias neste contexto.


Como exemplo do que de melhor se faz no país ao nível do apoio social desinteressado reflectindo um verdadeiro sentido cívico e de solidariedade quero destacar a iniciativa da Câmara do Seixal que implementou um sistema de troca de livros escolares - o Projecto Dar em Troca - que funciona de forma muito simples. Os pais ou encarregados de educação oferecem a um serviço bibliotecário da Câmara os livros escolares já usados dos seus educandos trocando-os por outros que lá foram depositados por outros pais e encarregados de educação usufruindo assim todas as famílias da oportunidade de obterem, através de um simples sistema de troca, de outros livros escolares para uso dos seus filhos ou educandos, nada pagando por eles.


Este ano foram já recebidos 19 mil livros e entregues 12 mil.


Este serviço gratuito e eficaz foi desenvolvido pela Autarquia permitindo assim, pelos dados obtidos, poupar às famílias do Concelho mais de 255 mil euros no ano de 2010.
Claro está que projectos destes são cada vez mais indispensáveis num tempo em que se reduziu muito significativamente o nº de famílias que usufruíam do Apoio Social Escolar.


É igualmente de salientar publicamente, o que algumas das televisões já fizeram, as iniciativas levadas a cabo há alguns anos e por diversas Autarquias, as quais dedicam uma verba do seu orçamento, à qual juntam iniciativas como as doações das famílias, para oferecer às famílias mais carenciadas, os livros escolares de que estas necessitam. Estima-se que cerca de 25% das autarquias do país já tenham em prática este sistema de oferta de livros escolares usados às famílias mais carenciadas.


Estes são apenas exemplos do que de melhor tem o país. Mas mais uma vez, pouco se divulgam estas iniciativas que poderiam servir de exemplo e de motivação a outras entidades tendo em vista a prática de uma verdadeira economia social e de solidariedade.

sábado, agosto 27, 2011

CTT - Privatizar ou não?!

Deixei por esquecimento dois objectos de uso corrente pouco volumosos e pouco pesados numa casa de férias. Os dois objectos custam 11 ou 12€. Foram-me reenviados por encomenda postal, via CTT, com um custo de 4,75€, a que acresceu um pacote almofadado por, creio, 0,80€. Ou seja, o transporte e a embalagem de dois objectos custaram o preço de um deles.

Fui levantar a encomenda à minha estação de correios que fica a mais de 250m de minha casa! Tinha uma estação a 50 metros que foi há meses encerrada. A estação a que actualmente pertenço tem invariavelmente filas e uma significativa demora. Ao ponto de ter passado a enviar as encomendas que recebo por via postal para a morada de um familiar próximo que está quase sempre em casa.

As estações de correio hoje, além de produtos postais próprios e alheios, também vendem livros, telemóveis e outros objectos, e até lotaria. Não diria que são bricabraques ou lojas chinesas mas já estiveram mais longe disso. Pior, o pessoal que lá trabalha chega-nos a oferecer produtos que não pedimos! Já me ofereceram lotaria!? O atendimento deixou de ser pessoal. Passou a ser o produto de uma linha de montagem de pseudo-comportamentos estandardizados tidos por adequados. Ser atendido por um ou ser atendido por outro é literalmente igual.

Por último, o serviço de entrega é cada vez pior. O carteiro de anos acabou. Hoje não há sequer carteiros, há sim trabalhadores dos CTT ou subcontratados que mudam com enorme frequência e distribuem correspondência a um ritmo vertiginoso. A letra dos avisos é cada vez pior. A correspondência entregue nos endereços indevidos idem. Profissionalmente, a experiência que tenho também não é boa. Mas fiquemo-nos pela pessoal.

Tudo isto para dizer que, com este cenário, e como cidadão e utente, é-me indiferente que os CTT sejam ou não privatizados. Simplesmente porque já não reconheço os CTT como um serviço do Estado. É, sim, um serviço público prestado por uma empresa, igual às outras, mas que por acaso é propriedade do Estado.

Os CTT, tal como outras empresas públicas e infelizmente até já muitos organismos do Estado, não são hoje verdadeiramente serviços públicos. São serviços prestados ao público pelo Estado, o que é coisa diferente. O Estado elegeu o modelo de gestão empresarial, puro e duro, visando o lucro, como sendo bom também para si. Nas suas práticas, passou apenas a tentar copiar as empresas, não percebendo que são coisas diferentes. Esse comportamento encerra, em si mesmo, o gérmen do seu próprio fim.

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quarta-feira, agosto 03, 2011

O caminho da economia nacional



O Ministro da Economia defendeu ontem que Portugal deverá estar a exportar cerca de 50% do PIB no prazo de cinco anos, chegando aos 70% ou 80% daqui a vinte anos.

Naturalmente que é perigoso efectuar estimativas para daqui a vinte anos, tendo em consideração o estado actual das finanças publicas e da economia portuguesa, da Europa e do Mundo. De qualquer forma não deixa de ser relevante assinalar esta preocupação e este objectivo estratégico.

Como muitas vezes temos afirmado, o caminho a seguir (fazendo-se caminhando) deve tomar o rumo do crescimento das exportações. Este rumo tem que ser combinado com um outro de igual relevância e que igualmente por aqui temos intensamente debatido e defendido no FRES: a redução do nível de importações. O FRES tem defendido esta ideia quer nos fóruns internos quer através do documento que elaborámos recentemente e que tornámos público, segundo o qual é cada vez mais relevante reduzir a dependência externa relativamente aos produtos importados exigindo-se assim um comportamento favorável à compra de produto nacional.

Não deixa por isso de ser interessante saber que também o Ministro da Economia partilha desta ideia e está em sintonia connosco ao afirmar que “ uma das grandes apostas do seu ministério é trabalhar para diminuir as importações”. Bem-haja então por essas ideias.

O problema agora é desenvolver e implementar as políticas conducentes a tal desiderato. Nós daremos o nosso apoio.