Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quinta-feira, maio 12, 2011

O papel do Turismo



A propósito do Memorando de Entendimento apresentado e negociado pela Troika do FMI com Portugal, há dois aspectos essenciais, diga-se o que se disser, que têm que ser levados em conta para que Portugal saia da situação em que se encontra. E estes aspectos merecem toda a atenção das políticas futuras a implementar seja qual for o governo que aí vem: um é o aumento da competitividade económica das nossas empresas (que leva ao aumento da produtividade), o outro é a criação de mais emprego (ou se preferirem o combate ao desemprego).


E já que falamos sempre na importância da internacionalização do país e da projecção da imagem de Portugal no Mundo, aqui está um dos sectores que tem obrigatoriamente um papel preponderante para a saída da crise e para o futuro. O turismo.

Os dados que vos apresento são da AICEP com referência à Organização Mundial de Turismo (OMT) e a dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Comprovam a importância deste sector e onde há espaço para criar emprego e maior competitividade. Não está neste momento imune à crise, como aliás nenhum está, em especial na região do Algarve. Para tal será determinante apostar numa política integradora do nosso turismo e demonstrar o que temos e o que somos.


No ranking dos principais mercados receptores de turistas da OMT, Portugal encontra-se no grupo dos 10 maiores a nível europeu e dos 25 maiores a nível mundial. Mas esta crise é conjuntural dada redução no momento de entradas.

O sector do turismo representou em 2009 aproximadamente 6% do PIB nacional e ocupou cerca de 8% da população activa em termos directos. No âmbito da União Europeia, Portugal é a 10ª economia em valor de produto turístico e a 6ª onde o turismo tem mais peso no PIB.

Para além do contributo positivo para a balança de pagamentos, este sector é um dos mais importantes da economia portuguesa, não só em termos de contributo líquido para o PIB nacional mas sobretudo no que diz respeito à sua importância estratégica traduzida nas receitas que proporciona, na mão-de-obra que ocupa e no efeito multiplicador que induz em várias áreas, contribuindo positivamente para o reforço da imagem de Portugal no exterior.

O nosso país apresenta vantagens comparativas a vários níveis: clima, segurança, proximidade à costa, qualidade das praias, campos de golfe de reconhecida qualidade internacional, oferta diversificada (paisagística, casinos, marinas, cultura, tradição, gastronomia) e boas ligações aéreas, regulares, charter e low-cost internacionais.

São inúmeros os locais a visitar em Portugal, sem esquecer que na lista do Património Mundial da UNESCO se encontram os centros históricos do Porto, Angra do Heroísmo, Guimarães, Évora e Sintra, bem como monumentos em Lisboa, Alcobaça, Batalha e Tomar, as gravuras paleolíticas de Foz Côa, a floresta laurissilva na Ilha da Madeira e as paisagens vitivinícolas do Rio Douro e da Ilha do Pico no arquipélago dos Açores.

Depois do 2º lugar obtido pelos Açores, numa selecção de 111 ilhas ou arquipélagos, numa iniciativa da National Geografic Traveler, que reuniu um painel de 522 peritos em turismo sustentável e da Ilha do Pico ter sido classificada pela revista Islands como sendo a 4ª melhor ilha do mundo para ter uma residência ou uma moradia turística, a Madeira foi eleita uma das 10 melhores ilhas europeias pelos leitores (mais de 3,5 milhões) da reputada revista Condé Nast Traveller, aparecendo em 6º lugar.

No que diz respeito à qualidade das suas unidades hoteleiras, a Madeira marca também presença no “25 Top Europe Resorts”, conquistando o 21º lugar com o Reid’s Palace. Também o Hotel Britania, unidade de charme dos Hotéis Heritage Lisboa, foi distinguido como um dos 10 melhores hotéis a nível mundial nos TripAdvisor Traveler’s Choice Awards 2010. Para além do reconhecimento nas categorias de “Top 10 Best Service e Luxury - Mundo”, o Hotel Britania mereceu ainda vários outros galardões, nomeadamente “Top 25 Europa”, “Euro Favorite - Top 25 European Destinations”, “Top 10 Best Service - Europa” e “Top 10 Luxury - Europa”.

De acordo com os dados do INE, a hotelaria registou 23,4 milhões de dormidas de turistas em Portugal em 2009, o que correspondeu a uma variação homóloga negativa de 10,7%. O grupo dos principais mercados emissores apresentou um desempenho maioritariamente negativo, liderado pelo Reino Unido (-21%). Espanha e França, ao contrário, evidenciaram crescimentos de 5% e 2%, respectivamente.

As receitas turísticas inverteram a tendência de crescimento no último ano, com uma quebra de 7,1%, acompanhando o comportamento das dormidas na hotelaria.

A maior parte dos turistas que visitam Portugal são oriundos da Europa, principalmente da União Europeia, com o Brasil e os EUA a constituírem as únicas excepções no conjunto dos 10 maiores mercados emissores de turistas para o nosso país.

Em 2009, a repartição de dormidas de estrangeiros na hotelaria global colocou o Reino Unido no primeiro lugar com 24,5% do total, seguindo-se a Alemanha (14,2%); Espanha (13,8%), Países Baixos (7,7%) e França (6,9%).
Por regiões, constata-se que o Algarve, Lisboa e Madeira concentraram 83,5% das dormidas de estrangeiros nos estabelecimentos hoteleiros. O Algarve registou 9,4 milhões de dormidas (-12,6% do que no mesmo período de 2008), Lisboa 5,5 milhões (menos 365 mil dormidas de estrangeiros) e a Madeira 4,6 milhões de dormidas (-15,3% do que no ano anterior).



Tal como a aposta na Agricultura, Silvicultura e Pescas, cujas oportunidades abordarei em momento oportuno, o Turismo é um dos maiores activos da Nação.