Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

segunda-feira, março 28, 2011

Os símbolos da Nação (ou talvez não) ou "o burro sou eu?"

Uma pequena e recente experiência pessoal que poderá, eventualmente, ajudar a comprender o sentido, a atitude e os valores que cada um (ou, quiçá, a maioria!) tem para com os símbolos da Nação, nomeadamente a Bandeira e o Hino Nacional.
Estive naquela majestosa praça dos Jerónimos, em Belém, a assistir ao Rally de Portugal (eu sei, era dia de trabalho, baldei-me! Mas também ninguém pouco se importa em verificar se alguém trabalha, não poucas vezes, aos Sábados e Domingos, dias consagrados, um desde as Sagradas Escrituras e outro segundo o modelo empresarial anglo-saxónico do século passado, como dias de descanso!).
Do "programa das festas" fazia parte a abertura oficial do evento, com a intervenção da Banda da Armada Portuguesa (como sempre, brilhante na actuação e na postura!) entoando o Hino Nacional.
Quando a dita banda começou a tocar "A Portuguesa", verificaram-se as seguintes situações:
. Ninguém se calou (inclusivé o speaker de serviço!);
. Quase ninguém tirou os chapéus, fossem portugueses ou estrangeiros (porque aqueles bonés dos patrocinadores têm muito valor, ainda para mais dados por "beldades" de corpos esculturais e salto alto!);
. Com a intervenção do speaker (qual catalisador de estádios de futebol em dia de jogo da Selecção Nacional!), alguns "maduros" entoaram a letra do dito cujo, com muito sorriso nos lábios (ainda bem, era para mim sinal que estavam contentes com o espectáculo!) e um tom afinado por umas belas "Sagres" fresquinhas.
Vexame dos vexames, aqui o vosso humilde escriba, com os valores antiquados em que foi educado (faço parte, sem rebuço, do grupo dos "burros" a que aludiu um nosso Estimado Confrade noutras intervenções) mas com o sentido adulto de quem já está nos "enta", retirou o seu chapéu (que não foi oferecido por nenhuma estampa de discoteca dos patrocinadores mas trazido de casa, a gente começa a ficar débil e o sol pode provocar maleitas aos "ginjas"!) e procurou ter um postura corporal mais respeitosa (confesso que estava todo "partido" com as horas de pé, mas quem corre por gosto...), incluindo apagar a cigarrilha que com prazer fumava (há..., vícios!).
Então não é que, quando acabou o Hino Nacional, voltei a colocar o meu abençoado boné (nem sequer sei o que representam os símbolos do mesmo, se calhar estou a fazer publicidade a algo politicamente incorrecto, sinceramente não sei!) e acendi uma nova cigarrilha (há..., maldito vício!), reparei que as pessoas que estavam próximas de mim, de várias idades e origens, olhavam para mim com um misto de perplexidade, uns, e de sorriso malicioso nos lábios, outros?
Será que é "moda" o desrespeito pelos símbolos simples mas fortes da nacionalidade de cada cidadão?
Será que não é "fashion" mostrar um pouco de respeito e consideração pelos valores assumidos por cada um, ainda que para a maioria sejam porventura considerados obsoletos ou mesmo objecto de "escanho e maldizer" (vidé o "blogista" Gil Vicente, um dos muitos autores da literatura portuguesa positivamente varridos dos programas escolares, vá-se lá a saber por que motivo!... Talvez não tenha conta no Twitter ou no Facebook!).
Será que estamos a assistir a uma "nova república" consubstanciada no princípio decalcado de outras doutrinas republicanas do século passado de que "quem não é pelos preceitos da maioria, é contra esta"?
João Rocha Santos
28/Março/2011

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