Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quarta-feira, dezembro 15, 2010

A EDUCAÇÃO COMO VECTOR DE EFICIÊNCIA, PRODUTIVIDADE E COMPETITIVIDADE


4. A QUESTÃO DA FUGA DE CÉREBROS

Com a problemática da globalização, muito se tem debatido sobre a questão da fuga de cérebros, a qual ocorre, em especial, dos países menos desenvolvidos (ou menos ricos) para os países mais avançados (ou de maior poder económico e empresarial). Em países como a India ou a China com elevados recursos em pessoas de elevada formação e aptidão técnica e com elevados conhecimentos de engenharia, ciências, matemática ou administração de empresas, o mundo torna-se global. E isto implica que as multinacionais americanas ou europeias, podem, por exemplo, contratar e empregar funcionários indianos ou chineses, pela via da sua expatriação ou, de forma diferente, empregando-os nas suas filiais em Bangalore, Xangai ou Pequim. E aqui já estamos a falar do fenómeno da deslocalização de actividades. Fenómenos também conhecidos pelo outsourcing e offshoring respectivamente.

Há quem defenda que este fenómeno tem implicações negativas, no curto/médio prazo, ao nível do emprego nos países de origem destas multinacionais. Porque pela via do fenómeno da globalização, os empresários e os accionistas das grandes empresas podem (preferem?) certamente ter meia dúzia de brilhantes investigadores ou cientistas na India ou na China pelo preço de um na Europa ou nos EUA. Isto poderá provocar alguma perda de competências nos países de origem ou, visto de outra forma, provocar mais desemprego junto dos cientistas e investigadores nacionais, por maior recurso à mão-de-obra indiana ou chinesa disponível (e com maior mobilidade) mais barata, de elevada competência e capacidade competitiva.

Este tema reporta-nos ao problema da fuga dos mais capazes também em Portugal. Como é sabido assistimos há alguns anos a um contínuo fluxo migratório de profissionais, jovens, de elevadas capacidades técnicas, conhecimentos de elevado nível, elevada especialização e competência técnica, para países onde existem mais e melhores oportunidades, em primeiro lugar de emprego e depois de carreira. Os jovens cérebros portugueses estão também a aproveitar o fenómeno da globalização e a sua maior mobilidade pessoal, para se transferirem para países que oferecem melhores salários, condições de trabalho de melhor nível e melhor qualidade de vida, para além de um reconhecimento que não é obtido no seu próprio país.

Este fenómeno para além do impacto social e económico negativo que pode representar na criação de valor nacional, representa também um fenómeno de natureza demográfica, uma vez que muitos jovens sentem que o país não os trata adequadamente, antes preocupando-se de forma excessiva com as gerações mais velhas, deixando para segundo plano os planos de carreira e contribuição das gerações mais jovens para a construção de um país mais coeso, justo e competitivo.

3ª Conclusão: Aqui reside um dos factores que, segundo alguns economistas e analistas sociais, tem, no caso português, a sua quota parte no contributo para a falta de competitividade do nosso país (embora não se conheça nenhum estudo que prove a relação directa entre estes fenómenos): a fuga de cérebros nacionais, indispensáveis à difusão do conhecimento e da excelência.

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