Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, novembro 21, 2010

Empreender Socialmente VS a Cimeira da NATO


Terminada a Cimeira da NATO em Lisboa, parece que é opinião generalizada de todos os comentadores e intervenientes que esta se revelou um sucesso e um marco importante na sua historia, em especial por algumas decisões tomadas quanto à futura estratégia atlântica de defesa comum e actuação futura da organização em novos quadros geo-estratégicos mundiais, bem como pela definição de novos rumos e novos papeis desta organização no quadro de uma relação internacional com países chave como por exemplo a Rússia.

Muito discutida a questão do Afeganistão e a retirada em 2014 das forças da NATO deste país, não deixa no entanto de ser de salientar que a discussão se centrou demasiado na estratégia futura das forças da NATO no Afeganistão quando seria igualmente importante incluir nesta cimeira a discussão dos problemas de países como o Paquistão e o Iraque. Julgo que trazer ao seio da NATO a discussão dos problemas destes países e centra-los na discussão actual sobre os problemas do terrorismo, seria uma forma de os integrar nas preocupações e discussões do mundo ocidental e desta forma reduzir quer tensões quer antagonismos existentes e criar uma maior aproximação entre os responsáveis, políticos, diplomáticos, militares e outros destes países com os responsáveis políticos do lado ocidental.

Ou não fosse nestes países que se centram as maiores preocupações ligadas com os problemas do terrorismo ou da localização de grupos terroristas.

De qualquer forma e recordando a propósito que ainda nos encontramos no decurso da semana do empreendedorismo, gostaria de destacar uma iniciativa de uma organização que actua ao nível e no âmbito internacional, numa óptica do que é o verdadeiro empreendedorismo social, a qual desenvolve programas de apoio e se debruça sobre os problemas da Ásia.

Estou a falar do Ásia Foundation, uma fundação pelo que soube fundada por um alpinista americano (podem ver em
www.asiafoundation.org) e que se dedica a estudar e desenvolver programas de literacia, apoio social, económico, financeiro e muitos outros numa óptica de apoio ao desenvolvimento em todos os países da Ásia.

A ideia central desta fundação é que, para acabar com a guerra e o terrorismo, aos homens tem que ser dado trabalho e negócios e às mulheres a educação, literacia e escolaridade.

Para isso tem vindo a desenvolver no Paquistão um vasto programa de educação e escolaridade para as mulheres nas diversas tribos e clãs existentes por todo o país. Um exemplo do verdadeiro empreendedorismo social.

4 comentários:

José Ferreira Alves disse...

De uma forma desapaixonada, sem tomada de posição por esta ou aquela situação, por esta ou aquela política, de um modo crítico e distante, eu, perante esta cimeira da Nato, questiono-me se foi uma cimeira da Nato ou uma cimeira de "Obama e dos outros" , tal a ênfase dos noticiários, centrados em Obama, que eu nem fiquei a saber quem esteve cá. E depois falam-me de estratégia contra o terrorismo, só que precisava de saber quem são os terroristas. Se terrorismo é uma opção política em que se verifica o uso da violência para impor a sua opinião, eu perguntaria se a intervenção dos USA no Iraque, no Vietname e Afeganistão foram uma tentativa de vender armamento em stock, um levantar de empresas falidas ou uma luta pelas liberdades? Mais, verificando os usos e abusos de violência pelo elementos das forças militares, se isso infringiu terror nas populações indefesas e marginais a estas situações, isto é luta pelas liberdades ou terrorismo? Aqui é que reside o meu problema, não consigo identificar os terroristas. No passado colonial português, eram terroristas os que lutavam contra o poder instituído, o governo português, mas do outro lado da barricada eram considerados movimentos libertadores, exactamente pelos mesmos que hoje consideram terroristas os que lutam pela sua autonomia, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades? Em que é que ficámos? Quem são os terroristas e quem são os ofendidos? Como ficaram os povos dos países em que os USA intervieram? Mais livres? Mais felizes? Com melhores condições de vida? Ou, pelo contrário, tiveram que apanhar "os cacos" e reconstruírem as suas vidas? Então, em nome de uma pseudo luta pelos direitos humanos, entra-se por um país dentro, destrói-se tudo e quem vier atrás que feche a porta? A Nato é um organização pacífica? Não utiliza a violência? Tenho dificuldade em entender, pois já dizia o povo "Tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta". Se, por exemplo, eu estiver em desacordo com as opções políticas que toma um governo e pretendo manifestar o meu desacordo e tal não me é permitido, ou me conformo ou manifesto a minha opinião. Mas, se tal não é do interesse do regime, sou calado, muitas vezes com recurso à violência e isso é o quê? Terrorismo, ou só conta os que estão contra? Pois é, estratégia contra o terrorismo ... só que necessitamos de saber quem são os terroristas e eu, francamente, não sei quem são! A Nato interessa a quem? Se já não há o pacto de Varsóvia, é para nos defendermos de quem? Qual o papel da ONU? Nato, ONU, ??? A propósito, quem irá pagar as despesas desta cimeira? Os de sempre. Já repararam que os impostos, dos que ganham até 1250 €, duplicaram em 10 anos? São conclusões de um estudo da Deloite. Viram, ou ouviram, nos noticiários que aumentou de uma forma inusitada o número de portugueses a pedir ajuda alimentar? E andamos a brincar às cimeiras, espectáculo para "inglês ver" e a realidade é tão cruel. Eu vejo TODOS OS DIAS à minha porta de casa pessoas a vasculharem os contentores de lixo á procura de comida. De facto, como já ouvi hoje alguém, de uma destas organizações humanitárias, dizer :" a democracia está em perigo". Assim, questiono : onde está o sucesso? Qual é a estratégia futura atlântica? Eliminar o sofrimento e a fome? Como diria "Maslow", como falar de defesa e segurança se as necessidades mais elementares estão por satisfazer?

Desculpem-me o desabafo, não sou anti nada, mas estou um pouco saturado de conversa fiada!
José Ferreira Alves

José Ferreira Alves disse...

Queria deixar aqui uma nota sobre o comentário que efectuei. Este meu desabafo foi suscitado pela chamada de atenção do Mário para não ficar no esquecimento os problemas causados no Iraque e Paquistão, nomeadamente a responsabilização dos que intervieram na situação, ou seja não abandonar os povos à sua sorte depois de tanto os esburacarem. Quando refiro conversa fiada, não me refiro ao texto do Mário, mas sim aos discursos políticos na NATO. Há dias o Irão fez ensaios militares e foi referido como uma provocação, mas se os mesmos fossem feitos pela NATO seria um alerta e uma chamada de atenção ... cinismos. É a este tipo de conversa fiada a que me refiro.
JFAlves

Mário de Jesus disse...

Embora entenda a natureza dos teus comentários não iria tão longe considerando que as acções dos países ocidentais devam de igual forma ser considerados (ou equiparados) a actos de terrorismo.

Concorde-se ou discorde-se, a intervenção dos capacetes azuis da ONU ou as forças militares da NATO, quando interferem, interferem em cenários de guerra causados e provocados por outros e em situações em que são feridos os direitos fundamentais da liberdade e num quadro de atentados contra os direitos humanos.

Logo e como todos sabemos, em cenários de guerra e mesmo quando se intervém com o intuito da paz, há sempre invariavelmente danos colaterais. E esses danos colaterais são também invariavelmente o custo de inocentes e de seres humanos.

Comparar isso aos actos e actividades terroristas que sabe-se têm tido abrigo nos países referidos, parece-me excessivo.

Além disso, a Aliança Atlântica ocupa-se hoje em dia de questões de natureza geo-estratégica importantes ao ponto de trazer ao seio da Organização outras nações como a Rússia, com o objectivo de se estabelecerem quadros de cooperação internacional a vários níveis.

Agora não tenhamos ilusões que esta cooperação tende a ser feita à luz dos interesses dos países da Aliança Atlântica. O que até me parece bem.

José Ferreira Alves disse...

Embora também entenda os teus comentários e saiba que te pautas por princípios nobres, devo dizer que não comparo actos terroristas deste ou daquele tipo. A meu ver, não há justificação para a violência, seja a que título for. Como sabemos violência gera violência. Quando se diz que a NATO só actua quando há estados de guerra causados por outros, eu pergunto: que guerra tinha causado o Iraque? A intervenção foi unilateral, ainda que discorde de Saddam, mas este sujeito era democrata quando era favorável aos USA e passou a vilão quando ficou contra e a Europa contestou e acabou por se deixar arrastar pelos interesses americanos. Não nos podemos esquecer das empresas americanas que saíram da falência devido a esta guerra provocada e nunca provada. Espera para ver o que vai acontecer com o Irão. E porque não intervêm na questão do Tibete? Eu não comparo nada, até porque há situações que não são comparáveis. Condeno o fanatismo, condeno a violência, não encontro justificação para sacrificar inocentes. É uma desculpa para tentar aliviar o sentimento de culpa dizer que infelizmente há vítimas inocentes. É um pouco à semelhança da situação em que um professor se dá um tabefe a um aluno é considerado agressão, mas se for o pai é educação, embora a agressão lá esteja. Depende das premissas de onde partimos e assim é difícil equiparar o que quer que seja.