Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sexta-feira, maio 14, 2010

Lisboa a Premiada


Lisboa foi considerada a sexta melhor cidade europeia de negócios segundo o ranking ECER – Banque Populaire, o qual listou as 37 cidades de 18 países da Europa por grau de atractividade para fazer negócios.

Este ranking é elaborado segundo uma consulta efectuada às expectativas e grau de satisfação dos gestores europeus, realizado entre Dezembro de 2009 e Janeiro de 2010.

À frente de Colónia, Helsínquia Lion e Estugarda, Lisboa posiciona-se, não só como uma cidade preferida pelos europeus como o destino turístico para férias como uma cidade referência para negócios.

Certamente que as suas infra-estruturas, o seu clima, a beleza natural e arquitectónica, a oferta de serviços, hotelaria, gastronomia, cultura histórica e restauração, são apenas alguns dos predicados que fazem desta cidade uma das capitais preferidas dos europeus.

Discutimos já por diversas ocasiões entre nós a problemática das cidades e o seu papel como pólos de desenvolvimento regional e como elementos que projectam o país no exterior qual bem transaccionável. Lisboa é um dos melhores activos do país e a prova de que uma aposta estratégica nacional na projecção das nossas cidades é um instrumento valioso de afirmação de Portugal no Mundo.

Temos certamente que concluir que, apesar das insuficiências reconhecidas na sua promoção externa e da necessidade de encarar de forma profissional o desenvolvimento das actividades culturais e turísticas necessárias ao melhor acolhimento de todos aqueles que nos visitam, algo de positivo estará a ser feito para que lhe sejam atribuídos tais prémios. Ou então tudo isto resulta das suas características topológicas, climatéricas, arquitectónicas, gastronómicas e outras muito próprias. Tendencialmente estou mais inclinado a acreditar na primeira hipótese.

Ainda assim, Portugal não se confina a Lisboa, por isso se torna indispensável investir numa estratégia turística de promoção das cidades. Deste modo é bom não esquecer que temos por cá outras pérolas entre as quais, citando apenas algumas, podemos destacar Braga, Évora, Coimbra ou Guimarães. Cada uma com os seus atractivos, cada uma com as suas funções.

Desta vez e mais uma vez, Lisboa deixa-nos bem, e deixa-nos bem alto.

quinta-feira, maio 06, 2010

Quem se segue ?

Hoje as noticias sobre a greve geral na Grécia e as trágicas consequências de uma multidão exaltada e em fúria? 3 mortos ? Quem se segue ? Penso que de momento um facto está bem patente, está cada vez mais difícil arranjar créditos para financiar as colossais dividas contraídas pelos governos ocidentais.Os problemas na Grécia são apenas um indicio para um agravar de uma situação já existente,a de, como reduzir o gigantesco défice nos orçamentos estatais e privados ? Um motivo desta problemática, a partir de 2011 parece estar eminente um refinanciamento de divida global num montante inimaginável ( os zeros quase não cabem numa linha) de dinheiro em grande parte devido á escassez de liquidez a nível mundial,e, um dos países que pode bem estar perante uma crise “ existencial é; o Reino Unido. Senão vejamos:

Se amanhã, e na sequência dos resultados eleitorais assistirmos a um empate técnico, e se chegar a lume , num cenário pós eleitoral , o “real” estado das contas públicas inglesas, a”verdadeira situação “ do já tão desolado sector bancário e do estado da “real” economia, e, se, o governo que for eleito tiver que confessar que a situação do país é , muito pior do que aquela que originalmente seria de supor,( aquela difundida antes das eleições)que acontecerá ?

A propósito, se quisermos “apostar” em qual o país que, próximamente venha a estar numa situação de incumprimento das suas obrigações financeiras, basta seguir uma pista lançada pela Goldman Sachs. E que prevê, que a partir do verão começará uma nova”batalha” pela Inglaterra., com a qual se tentará evitar um “desmoronamento” em torno da libra esterlina e das finanças estatais britanicas. E, uma coisa parece certa, a libra não irá passar incómule esta situação de divida extrema, e que poderá originar por parte do novo governo eleito, o encetar da implementação de um programa de austeridade de dimensões nunca antes vistas. Será que o FMI e a UE irão intervir em favor do Reino Unido ? Se sim , de que forma? Com que montantes ?

Seguramento que os ingleses possuem um argumento que não está á disposição do governo grego, ....a desvalorização da sua divisa, mas , perante o cenário actual, será que é uma medida suficiente ?

Não sou por natureza pessimista nem , muito pelo contrário, um cavaleiro da “Apocalypse”, mas , há alguns anos que venho defendendo a ideia de que “temos que mudar de vida” e mais do que a letra de uma canção, me parece que esta crise nos deixa uma grande oportunidade de mudança de mentalidades, mas, acima de tudo, de atitudes perante as nossas finanças particulares ( numa ambiente micro) as nossas finanças estatais( num ambiente macro ), e sobretudo que nos seja possível ter estas trocas de ideias num ambiente de serenidade social , longe das imagens “radicalizadas”assistidas hoje na Grécia.

Boas reflexões,

quarta-feira, maio 05, 2010

Frente-a-Frente vs Lado-a-Lado

Por razões pessoais tenho estado bastante limitado em termos de tempo disponível para dar o meu pequeno contributo no nosso blog.
Coincidiu este período com o “zapping” que pude fazer entre alguns canais como a Sic Notícias, a TVI 24 e a RTPN, entre outros que, confesso, não fazia a ideia que eram tantos e a dedicar tanto tempo aos chamados frente-a-frente em que se confrontam ideias diferentes.

O confronto de ideias diferentes é algo de bastante positivo se o ponto de chegada for relevante mas parece estar aqui um grande problema.
Nas centenas ( milhares ) de minutos em que se confrontam ideias, a ideia é apenas a confrontação “pura e dura” em que não parece haver nenhuma vontade de entender o ponto de vista do “opositor”.
Este não é quanto a mim um bom caminho, pois deixamos continuamente passar oportunidades de construir algo de bom, partindo dos pontos de vista e contributos relevantes dos vários intervenientes de um debate.
E não sei se é por estar um pouco mais atento mas nunca vi tantas opiniões diferentes sobre uma realidade que deveria ter mais pontos comuns.
O nosso colega Mário colocou recentemente 2 artigos que merecem receber comentários e contributos dos leitores do nosso blog pois dizem respeito ao nosso país e à nossa Europa, ou seja os artigos “A Estratégia de um País que é o nosso” e “Uma Europa mais unida”.
Naturalmente o Mário, como eu ou qualquer outro cidadão ou qualquer outro fresiano, preocupado com o país e a Europa em que vivemos, indica o que na sua perspectiva é mais relevante.
O grande desafio é tentar juntar este puzzle gigantesco em que a cada cabeça corresponde uma sentença. Não somos nós que tomamos as decisões relevantes para os destinos do país. Sonhamos em dar o nosso contributo de uma forma relevante, mas até esse percurso não é pacífico.
A situação torna-se mais confusa quando vemos os grandes “actores” a tomarem posições tão diferentes, tornando quase imperceptível entender o que é de facto mais importante.
Veja-se um exemplo simples. A ajuda da união europeia à Grécia.
Ninguém “perde” tempo a explicar à população que Portugal tem obrigações a nível europeu e tem de dar o seu contributo na ajuda à Grécia, contributo esse que embora bastante elevado na actual conjuntura, é relativamente pequeno face ao que outros países têm de dar. Mas a mensagem que passa para o cidadão da rua é que Portugal não tendo dinheiro ainda vai ter de dar dinheiro à Grécia.
Se não houver tempo e capacidade para se explicar aos cidadãos o que significa viver em sociedade e o que significa estar integrado na união europeia, passaremos a vida a ver serem-nos exigidos sacrifícios. E como ouvi recentemente outra fresiana dizer “ Nós funcionamos melhor quando vemos utilidade no nosso esforço”.
Eu sempre assumi a posição de que mais vale lutar lado-a-lado do que frente-a-frente.
Esta posição pode ser encarada como cobardia e medo do combate, embora eu sempre a tenha privilegiado por pensar primeiro no interesse comum. E qual é actualmente o nosso interesse comum?

Haverá de facto um interesse comum, ou teremos apenas em comum o facto de cada um defender o seu interesse ?

terça-feira, maio 04, 2010

Uma Europa mais unida


Recebemos com agrado a notícia (esperada) da ajuda dos diversos países integrantes da UE à Grécia. Esta ajuda, consubstanciada em valores nunca antes vistos (110 mil milhões de euros) pode ser designada como histórica e reflecte provavelmente uma relevância maior do que à primeira vista pode parecer (em especial após tão vasto debate sobre se esta ajuda se concretizaria ou não).

Como é comum nesta vida, encontrámos diversas posições relativas a esta ajuda: uns a favor, outros contra, uns crentes e optimistas outros descrentes e críticos. A verdade é que, com este acto, a Europa surge mais unida como talvez nunca tenha surgido. Surge mais solidária, forte e demonstrativa do que pode ser o verdadeiro poder e importância de uma verdadeira Europa Unida. Pessoalmente tive sempre poucas dúvidas sobre a concretização desta ajuda pois sempre acreditei que ela seria realizada. Como não seria? Qual seria então o papel da UE?

Sou crente no Euro e com a plena convicção de que o país estaria nas “ruas da amargura” se não nos tivéssemos aliado à Europa e ao Euro. Aliámo-nos no tempo certo e no momento certo à modernidade, à segurança, ao prestígio, ao conhecimento e desenvolvimento mas também à responsabilização, à competitividade, à concorrência e aos desafios do futuro. Mas só assim será possível evoluir.

Mais do que nunca este é o tempo da Europa, ela própria, demonstrar união e força indispensáveis para o confronto com os vários blocos económicos concorrentes – O Mercosul, o Bloco Asiático, ACP, os EUA. É neste “campo de batalha” que a Europa se confronta com os seus adversários comerciais. E Portugal, se integrado na Europa, faz parte do conjunto de soldados que participa nesta batalha. Fora dela, seria um exército já vencido do qual ninguém se lembraria e que não contava para nada.

Nãos nos esqueçamos que os EUA sempre olharam com desdém e cepticismo para a Europa Unida e para o Euro. As posições que muitos defendem tendem a enfraquecer e a desacreditar a nossa moeda. Com o que agora assistimos, a Europa acaba por dar uma lição aos seus detractores e reforçar, acredito, o seu papel e posição/força política no Mundo.

Continuo a ser daqueles que acredita que a Europa é aquele Continente onde todos, mas todos os povos gostariam de viver (ok exceptuando os indígenas americanos e os cowboys do Texas) pois Europa é sinónimo de evolução, modernidade, qualidade de vida e desenvolvimento (sim também desemprego dirão alguns – mas onde não há desemprego?).

A força demonstrada pela Alemanha, a França, o Reino Unido, o Luxemburgo, Portugal ou a Eslováquia, para citar alguns exemplos, demonstraram a união indispensável. Pese embora todas as polémicas, os debates e as críticas. Estas também indispensáveis para tornar o processo totalmente transparente. A comissão do Presidente português Durão Barroso (justiça lhe seja feita) trabalhou muito para esta união e para esta solução. O BCE ajudou e deu um empurrão por detrás.

Agora há que exigir austeridade é certo, realismo, controlo e critério nos gastos. A Europa falhou também porque falhou nos processos de controlo. Mas está a tempo de corrigir o tiro, em especial depois de levar tanta pancada das Agências de Rating, com muito poder americano lá encaixado.

Acredito que este seja apenas um primeiro (grande) passo para a construção de uma Europa mais unida e solidária. Por isso Viva a Europa.