Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, março 21, 2010

O nosso contributo para a Estratégia da UE 2020 - 2ª Parte


O segundo vector da nossa proposta resumiu-se na seguinte ideia chave:


B) Uma UE (e Portugal) abertos ao exterior

O segundo vector que pretendemos relevar é o da vertente geográfica. Em nosso entender a estratégia da UE 2020 terá que ser virada para fora do espaço europeu uma vez que a Europa também só crescerá se conseguir voltar-se ela própria para o exterior desse espaço europeu e não ficar fechada sobre si mesma, já que numa era de perda de competitividade europeia face ao crescimento asiático e às potências emergentes na cena internacional, a Europa terá que aprofundar as suas relações externas com: EUA, América Latina (Brasil), Japão, China, Índia e Continente Africano (onde os PALOP têm um papel fundamental no caso português).

No caso português e do ponto de vista geográfico, o país encontra-se “ às portas da Europa”. Sendo um país plenamente integrado geograficamente no espaço económico, político e social europeu e membro de pleno direito da União Europeia, encontra-se contudo em posição geográfica periférica relativamente ao centro de UE a 27. Por outro lado posiciona-se no centro do triângulo ocupado nos seus vértices pelo Brasil (e América Latina), pela Europa Ocidental e pela África Lusófona (Países Africanos de Expressão Portuguesa ou PALOP´s).

Este posicionamento geo-estratégico pode ser marcante para o futuro do país no contexto internacional. O eixo Brasil – União Europeia – África Lusófona é determinante para Portugal no quadro das suas relações internacionais nas suas vertentes económica, social, cultural, política e empresarial. Neste contexto, o futuro, o desenvolvimento e o bem-estar dos portugueses dependerá, e muito, da evolução que vier a ocorrer nas relações com os países deste eixo.

No caso específico dos países ibero-americanos é também assinalável o potencial existente ao nível das relações económicas entre Portugal e estes países, desde a cooperação económica ao comércio internacional, onde o crescimento de negócios com vantagens mútuas do ponto de vista económico entre todos os países participantes é de destacar. A posição geo-estratégica de Portugal como porta de entrada numa Europa ainda à procura do seu próprio espaço, único, coerente, integrado e de uma só voz (que tem sido difícil de alcançar) poderá ser essencial para virmos a desempenhar um papel fundamental na relação com estes países. Portugal não soube aproveitar ainda as oportunidades que uma forte cooperação comercial e económica com estes países lhe pode proporcionar nem a riqueza de uma língua que, sendo diferente, pode ser no entanto considerada como uma língua irmã.

Posto isto, Portugal como ex-potência europeia poderá dar um grande contributo no campo de uma mais forte presença externa da Europa no Mundo, dado que possui uma larga experiência de relacionamento internacional contribuindo positivamente para essa Europa aberta ao Mundo. Ao nos prepararmos internamente ao nível da melhoria da qualificação dos nossos recursos humanos e da competitividade tecnológica das nossas empresas, Portugal estará a dar um sinal positivo em como desenvolve (ou contribui para) uma estratégia europeia quer de mobilidade de recursos humanos capazes de competir no mercado laboral global quer criando empresas não apenas de dimensão portuguesa mas sim europeia habilitadas para participar em processos de internacionalização e conquistar novos mercados fora da Europa.

O nosso contributo para a Estratégia UE 2020 -1ª Parte


Sendo vasto o documento em análise e proposto à discussão pela UE por entre os Estados Membros e a sociedade civil, relativamente à estratégia da UE para os próximos 10 anos, não quisemos deixar passar a oportunidade de apresentar um curto e sintético contributo sob a forma de reflexão, o qual incidiu sobre dois dos vectores que consideramos mais relevantes para o problema da competitividade de Portugal, no quadro da estratégia europeia até 2020. O primeiro é o problema das formação, das competências das pessoas e do sistema de ensino em Portugal cujo estádio de desenvolvimento afectam o nível de emprego e a competitividade/produtividade das empresas. Um segundo ponto prende-se com a necessidade de abertura da UE em geral e de Portugal em particular para os mercados extra-comunitários.

A) Educação e Conhecimento

É sabido que Portugal iniciou, a partir de 1997, um processo de afastamento do seu nível de produtividade face à média da União Europeia e aos países que connosco concorrem mais directamente (Espanha, Grécia e Irlanda). Poderemos também afirmar sem grande contestação que a produtividade e, consequentemente, o crescimento económico, dependem de factores de natureza endógena e exógena.

Entre os primeiros, encontram-se, entre outros, a utilização eficiente de novas tecnologias, o ritmo de inovação, investigação e desenvolvimento ou a qualidade do capital humano (derivada da escolaridade, formação, preparação e motivação dos recursos humanos).

Já quanto aos factores de natureza exógena, o que nos condiciona é o ritmo de crescimento do mercado Europeu ou dos mercados internacionais com os quais o nosso país desenvolve de forma mais intensa as suas relações comerciais ou o tipo de políticas mais ou menos expansionistas desses países, pois disso depende a maior ou menor abertura à importação dos nossos bens e serviços.

Independentemente dos aspectos acima revelados, há um que consideramos no momento fortemente influenciador da produtividade e competitividade do país, do qual dependente parte da resolução dos problemas de emprego nacionais: as competências das pessoas derivadas do sistema de ensino e escolaridade em Portugal.

Temos em Portugal um ensino ainda pouco inovador, na preparação dos alunos para uma carreira profissional de grande exigência competitiva, não apenas interna mas internacional. Privilegia-se antes uma formação quase exclusivamente teórica e académica em detrimento de uma sólida formação ao nível quer de competências individuais quer técnico-profissionais. Por isso, Portugal revela ainda carências significativas ao nível da formação média, de cariz mais profissional e experiêncial, em complemento ao ensino universitário actual. Por outro lado o país apresenta um nível de escolaridade demasiado baixo e pouco competitivo, onde as empresas não assumiram ainda a responsabilidade de desenvolver programas de formação, actualização e reciclagem de conhecimentos, numa base contínua, exigidos pelas novas condicionantes dos mercados, não cumprindo muitas vezes a própria lei.

Estas causas levam à consequência de um nível de desemprego alto e em muitos casos com hipóteses irrecuperáveis de emprego em virtude de muitas das pessoas que estão fora do mercado de trabalho não reunirem nenhum tipo de conhecimentos e competências que lhes permita ser reintegrados no mercado de trabalho (designadamente no seio das novas empresas que estão a surgir, muitas delas de base tecnológica). Leva ainda a fenómenos de maior lentidão na reintegração no mercado de trabalho ou de desmotivação para tal esforço.

O crescimento económico deriva cada vez mais da inovação tecnológica e do conhecimento, logo, a educação/formação tendem a afirmar-se cada vez mais como prioridades na política de qualquer governo. Uma população com altos níveis educacionais é fundamental para gerar a investigação científica que se traduzirá em inovação tecnológica, crescimento e desenvolvimento. Assim a educação será sempre um elemento chave para o desenvolvimento e competitividade.

Um nível elevado de educação representa, acreditamos, um contributo essencial para uma maior produtividade. A educação tem um papel determinante no aumento da competitividade das empresas e, consequentemente, do país. Esta maior competitividade induz a um maior crescimento económico, contributo essencial para uma melhoria em termos sociais e consequentemente um maior desenvolvimento do país. Este deve ser o caminho a seguir por Portugal.

Assim resumidamente seria desejável implementar, entre muitas outras, as seguintes medidas:


A1 – Definindo a Educação como um elemento chave para o
desenvolvimento

- Desenvolver um esforço nacional para que todos as crianças em idade escolar e/ou a frequentar a escola terminem a escolaridade obrigatória com o apoio social do estado em todos os casos em que as famílias tal não consigam suportar.

- Criar incentivos financeiros (de natureza fiscal – IRC, outros impostos) às empresas de modo a que façam um esforço para levar de novo os seus colaboradores à escola ou universidades, ou desenvolvendo ainda politicas de formação profissional contínuas.


A2 - Garantir o primado da excelência (educar integrando e premiando o mérito)

- Elevação da percepção sobre a qualidade do sistema de ensino através do estabelecimento de programas de formação e treino dos professores nas diversas áreas da sua especialidade como primeiro passo. Divulgação aos pais dos esforços desenvolvidos pelas escolas para um melhoramento da qualidade de ensino e do corpo docente.

- Desenvolvimento de acções de reintegração de jovens em idade escolar que já estão fora do ensino através de campanhas de sensibilização junto das empresas (onde estes trabalham) atribuindo alguns benefícios às empresas que contribuam para essa reintegração na escola ou que, em compensação, procedam ao desenvolvimento de programas de formação profissional específicos para esses jovens.


A3 - Optimizar a utilização dos recursos públicos

- Redireccionar o esforço da despesa pública em educação afectando mais recursos a áreas mais práticas e com melhor e mais imediato retorno do investimento em termos de qualidade, como sejam as áreas científicas e tecnologias de informação em vez de continuar a investir em cursos teóricos sem qualquer procura no mercado nacional. Aqui referimo-nos às áreas de engenharia, matemática, ciências médicas e biomédicas, ciências da computação, tecnologias de comunicação e informática por exemplo.

- Efectuar um maior investimento na melhoria das técnicas pedagógicas e garantir assim que os conteúdos curriculares e objectivos são cumpridos, desenvolvendo ao mesmo tempo o interesse e a participação dos alunos, com melhor aproveitamento das suas capacidades e competências. Isto em vez de se despender dinheiro com novos e mais extensos programas curriculares que mudam todos os anos.


A4 - Ajustamento do ensino às necessidades efectivas do país

- Uma maior interligação com o mercado de trabalho através da intensificação de estágios curriculares nas empresas como projecto de final de curso o qual deverá contar para a avaliação.
- A valorização do ensino técnico profissional e politécnico de cariz prático e experiêncial, tendo como finalidade conduzir os alunos ao princípio fundamental do “ saber fazer”.

sábado, março 06, 2010

E a falar a gente entende-se ?


Quer falemos na nossa língua materna, quer num idioma estrangeiro, seja europeu, africano, asiático, etc, a questão é sempre a mesma. Será que nos estamos a fazer entender ?


Já nem falo na questão do suposto diálogo, em que dizemos, “ Conversei x horas com determinada pessoa” e na realidade, não houve diálogo nenhum, mas um monólogo em que uma das partes diz tudo o que lhe interessa e não ouve nada do que a outra parte tem para dizer.

Vem este intróito a propósito de uma notícia muito interessante sobre emprego e número de trabalhadores, sobretudo de micro-empresas. A notícia é do Jornalista Pedro Aráujo do Jornal de Notícias e está no link http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1512205

Dado o interesse geral da mesma ( pelo menos na minha perspectiva ) não vou adiantar mais nada, convidando-vos a passar uma vista de olhos por este link.

Uma das análises que deriva desta notícia é a importância de falarmos com base nos mesmos dados, pois, caso contrario, continuaremos década após década ( que ainda são em número limitado para todos nós ) a falar com base em realidades diferentes.

Se resolver problemas complexos (como os que o nosso país enfrenta actualmente) já é uma tarefa árdua, então se os tentarmos resolver com intervenientes com dados e perspectivas completamente díspares e sem um núcleo comum, estaremos sempre a encontrar soluções pontuais que geram contentamentos parciais e um quase descontentamento geral.

Uma das vias para reforçar a base em termos de dados daquilo que estamos a conversar foi indicada pelo nosso colega João Mateus, reforçando eu o convite para visitarem este importante link http://www.pordata.pt/azap_runtime/

Trata-se de uma extraordinária base de dados recentemente disponibilizada online com dados sobre Portugal e sobre os Portugueses.

Será mais um contributo para depois podermos afirmar com propriedade que

A falar é que a gente se entende.