Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Os professores primários usavam gravata


A propósito das progressões na carreira e da frente de guerra vivida entre o Governo e os Sindicatos de professores durante mais de quatro anos, após o Armistício, há agora que limpar espingardas e contar baixas. Não deixa porém de ser curioso observar com detalhe os benefícios que os professores passam a usufruir, em especial quando comparados com a carreira dos técnicos superiores da Função Pública. De repente e sem uma discussão verdadeiramente suportada simplesmente lhes passaram à frente.

È a função de professor essencial para o país e merecerá destaque especial? Sem dúvida que sim. Aliás os professores deviam ser acarinhados, apoiados e justamente remunerados pois o seu papel é fundamental para a educação e desenvolvimento da Nação. Foi em outros tempos (e merece ser hoje) uma das mais nobres profissões, simplesmente porque se trata de ensinar e educar. Exige pessoas com sentido de observação, rigor, competências, boa formação intelectual e humana, adequado comportamento social. Lembro-me dos meus professores primários usarem gravata!

Mas serão todos os professores merecedores desta distinção? Provavelmente não.

Esta é uma profissão que de repente saltou da fila de trás, escuridão, do cinzentismo que a caracterizava para a rua, tornou-se barulhenta, muitas vezes inoportuna e quezilenta. É verdade. Relembre-se muitos episódios e comportamentos de rua de muitos professores sabendo que é a muitos deles que confiamos parte da educação e formação dos nossos filhos. È bom nem lembrar.

Agora que o Governo cedeu, cedendo mal, observamos as reivindicações expostas em toda a comunicação social e das cedências do Governo. Numa profissão dominada por dinossauros sindicais, onde muitos dos seus dirigentes não dão aulas, cujas comissões e direcções acomodam centenas de membros, parasitas do sistema, ofendendo eles próprios o bom nome e a imagem dos verdadeiros professores que trabalham afincadamente para um sistema de educação mais justo e de qualidade.

E do que se falava nas ruas? E do que falam hoje os jornais, as televisões e os sindicatos?

Das quotas para as notas mais elevadas, dos Bons, Muito Bons e Excelentes, dos anos a decorrer para a progressão, das vagas nos vários escalões da carreira, das bonificações e compensações, dos acréscimos nas classificações, em suma de benefícios e de direitos.
Então onde ficam as responsabilidades e as obrigações? Decorrentes da obrigação de uma educação apurada, exigente, moderna, do cumprimento dos horários, das matérias, da elaboração de exames adequados, da preparação dos jovens para as exigências da vida em sociedade, do sacrifício, do empenho e da dedicação? Quem mede isto, como mede isto e quando se mede isto?

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