Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Feliz Ano Novo


Gosto muito do Jornal 2 que é transmitido todas as noites na RTP2 às 22 Horas.
Ao se despedir no final da edição de ontem, a jornalista disse algo como:
“ Está aí o novo ano com 365 dias por estrear, aproveite-os bem.”

Ano novo e estrear, são por si só 2 motivos para nos impulsionar a inovar.

Se atendermos a que uma das maiores motivações do ser o humano é a novidade, estaremos todos “convidados” a ser ainda mais inovadores e criativos em 2010.

Contra toda a inovação está a rotina. E nós sentimos tranquilidade na rotina. A rotina pode ser entediante, mas dá-nos segurança. E a segurança impede-nos de arriscar. Porque mudar se estamos bem no nosso canto seguro ?

Mas depois apercebemo-nos de que muito do que nos rodeia não está bem. Desde as pessoas com que convivemos na rotina casa-emprego, ou casa-hipermercado, ao próprio meio ambiente que nos rodeia, detectamos muitas coisas que não estão bem.

Então desejamos que tudo seja melhor. Nesta quadra natalícia ouvi e li até à exaustão, desejos de paz, amor, saúde, harmonia, tranquildade, etc, etc, misturados com sentimentos de nobres amizades adormecidas durante o ano e miraculosamente ressuscitadas por minutos via e-mail, ou sms.

Diz o povo que de boas intenções está o mundo cheio. E de facto, sozinhos, não temos força para mudar o mundo.

Mas volta o convite simples para que cada um procure por em prática, com as pessoas que o rodeiam, parte do que transmitiram em dezenas de mensagens para outras tantas dezenas de familiares e amigos.

Não é fácil, pois há uma coisa chamada egoísmo que no final, faz sempre pender a balança para um dos lados.

É a velha questão de se existirem 2 pessoas e se só uma tiver comido todo o bife, em média cada uma comeu meio bife o que é uma das maravilhas da estatística.

Podemos fazer alguma coisa para alterar a “falsidade” de algumas estatísticas ? Podemos, e às vezes custa tão pouco.

Não gosto de falar de episódios pessoais pois quem me conhece bem, sabe que raramente falo de coisas que faço. Tenho por política que mais vale fazer do que falar.

Mas perdoem-me por partilhar convosco um episódio ocorrido numa superfície comercial em vésperas de natal.

Todas as caixas estavam com muitas pessoas já com os carrinhos cheios de compras para pagar. Entretanto, na loja decidem abrir mais uma caixa para onde chamaram os clientes, dizendo que aquela caixa era só por multibanco.
Eu era o 3º nessa fila, estando em primeiro lugar uma pessoa com muitas compras e em 2º lugar um idoso com um pão, uma garrafa de azeite e uma caixa com uma garrafa de whisky JB 12 anos.

O funcionário da loja repetiu que aquela caixa era só por multibanco, e o Sr. idoso que tinha uma caixa de whisky perguntou “ Esta caixa é só por multibanco ? “ Ao que o funcionário da loja respondeu que sim. Nisto o sr. volta para trás dizendo que eu podia passar à frente se o 1º cliente fosse entretanto atendido.
Segundos depois volta com outra caixa na mão, agora uma de Whisky Cutty Sark e o funcionário volta a repetir que a caixa era só por multibanco. O Sr. idoso pergunta espantado, esta caixa também é só por multibanco ? E ele que não tinha multibanco pergunta: Então quem tiver sede e não tiver multibanco como é que faz ?

Claro que tanto o funcionário da loja como eu tentamos explicar que não era a caixa do whisky mas a caixa de pagamento que era só por multibanco mas o sr. idoso não estava a entender nada e como não tinha cartão multibanco, rapidamente se gerou um conflito pois o funcionário da caixa não sabia o que fazer e as pessoas atrás de mim protestavam cada vez mais.
Qual a solução para este “complicado” imbróglio ? Simples, ofereci-me eu para pagar as compras do sr. fazendo depois as contas com ele, que só tinha notas e não tinha cartão. Um gesto tão simples causou espanto a todos os que assistiam à cena nessa caixa e nas que a rodeavam.
O funcionário respirou de alivio, os impacientes acalmaram-se e o sr. lá foi com a sua garrafa de whisky continuando a parecer que não tinha percebido nada do filme em que esteve envolvido.

Por mim, fiquei contente. O espírito natalício não é para “papaguear” da boca para fora e depois, mesmo gestos tão simples e perfeitamente ao nosso alcance, deixamos de os fazer porque os problemas são sempre dos outros, mesmo quando a solução está nas nossas mãos.
Desafios não faltam portanto para estes 364 dias de 2010. Muitos bem mais difíceis e complicados, o que tornam mais aliciante a resposta que o FRES irá dar em 2010.
Aproveitemo-los bem, conscientes de que não os iremos resolver todos, mas que o nosso contributo será sempre importante.
Aqui no FRES, atentos ao que nos rodeia, partilhando ideias e experiências, debatendo temas relevantes na nossa sociedade, pelo seu interesse económico ou social, estaremos a dar o nosso pequeno mas firme contributo para melhorar o nosso país e o mundo que nos rodeia.

3 comentários:

Anónimo disse...

Este rapaz é um "must" no que toca a por o "dedo nas feridas".
Viva 2010, vai ser certamente um grande Ano("I Got A Feeling".)Mudanças se avizinham. Dolorosas, cruéis, incómodas... porém necessárias.
Só se vive uma vez (será?), logo, se for da melhor maneira, porquê vier duas!
Bem-haja!

Anónimo disse...

Sou entusiasta e crente convicta de que somos capazes de inovar o que nos rodeia, principalmente se estivermos dispostos a inovar interiormente. A nossa atitude influencia o que nos rodeia. Li o sue episódio e recordei um que se passou comigo há tempos.
Inadvertidamente passei rente a uma viatura e quase lhe arrancava o espelho retrovisor. Não havia testemunhas - apenas eu e a minha consciência. Deixei-lhe o meu telefone e após contacto, consulta à minha apólice do seguro, verifiquei que a reparação embora cara (150€), era preferível ser paga por mim devido à penalização do seguro.
Por telefone, dei-lhe luz verde para que fizesse a reparação, e eu lhe pagaria a factura.
Assim foi, e no dia em que nos encontrámos pessoalmente para lhe dar o cheque, verifico ser um jovem de 30 anos que me informa que a viatura era da empresa. Ele antes de tudo disse-me estar muito surpreendido com a minha atitude, pois normalmente estas coisas não acontecem.
Tive o prazer de lhe responder que na vida reclamamos das atitudes dos outros, mas quando nos toca a nós, temos de ser coerentes. Não fiquei feliz por ter de despender
aquele valor, mas era uma questão de coerência com os meus valores e princípios. O jovem estava mesmo surpreendido e talvez se lembre deste episódio algumas vezes.
Vou estar por perto do seu blogue mais vezes. Bem-haja pela sua niciativa,

A.O.

Mário de Jesus disse...

Caro Otávio

Como disse o Padre António Vieira - "Para falar ao vento bastam as palavras, para falar ao coração são necessárias obras".

Nada mais certo.

Aqui no FRES a nossa arma é em primeiro lugar o uso da palavra e das ideias. Tem que ser assim.

Mas depois virá a nossa obra que se traduzirá no resultado que as nossas palavras terão ao tocar o coração e a consciência de muitos.