Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sexta-feira, janeiro 22, 2010

ÉTICA E DEONTOLOGIA. PORQUÊ FALAR TANTO DISTO?



Por certo todos estamos, permanentemente, a ouvir, a ler ou a discutir, ainda que de forma indirecta, temas tão vastos e afinal tão simples como Ética, Deontologia, Princípios e Respeito, entre outros.

Mas, efectivamente, de que estamos a falar?

Porque é que, no passado recente, tais temas têm sido objecto de tão profusa divulgação, discussão, reflexão e formação?

Porque é que as ditas reflexões e preocupações (aliás, perfeitamente legítimas e actuais!) levaram a um estádio actual, consubstanciado em múltiplas acções de formação e sensibilização, disciplinas de carácter obrigatório em cursos de formação académica, profissional, de especialização, de integração em associações e ordens profissionais, até como tema central de teses de mestrado e de doutoramento e outros estudos de carácter, supostamente, científico?

Será a "descoberta" de finais do Século XX e o renascer do Homem no Século XXI?

Será que esta "descoberta" é de facto a descoberta do Homem presente, ou é a moda dos tempos actuais?

Será que esta descoberta não é mais do que o acordar, pessoal e colectivo, para algo que, com o decorrer do tempo e mais acutilantemente no passado recente, vem sendo descurado?

Será a justificação pessoal e colectiva para as injustiças que todos nós, genericamente, vimos assistindo e nas quais, não poucas vezes, tomamos parte, neste Mundo cada vez mais global e, simultaneamente, cada vez mais pessoal, canibal e egoísta?

Sinceramente, não sei! Nem encontro, apesar da investigação já realizada, uma resposta de cariz científico ou empírico que permita, com exactidão e pelo menos com consciência tranquila, emitir uma tal opinião.

Mas se estamos a falar de algo que, de alguma forma, está relacionado com Verdade, Isenção, Respeito, Brio, Profissionalismo, Honestidade, Sinceridade, estaremos a falar de algo de novo? Ou de algo já esquecido, ou tentado esquecer no passado ainda recente?

Todos estamos sujeitos, uns mais outros menos, a constantes pressões diárias. De índole pessoal, profissional, de relacionamento, de carácter institucional, de carácter laboral, de raiz familiar.

Cada um resiste, reage e actua de acordo com as condições que se apresentam. Mas será só o elemento externo ao Eu de cada um que norteia e condiciona, de forma vigorosa e quiçá algumas vezes dramática, as suas atitudes, considerações e acções perante factos e terceiros?

Quem é que não gosta que, no seu local de trabalho, lhe seja tecido um elogio ainda que ligeiro?

Quem é que não gosta de ser servido com elegância, deferência e delicadeza no mero acto de refeiçoar num restaurante?

Quem é que não gosta de ser bem acolhido, com cordialidade, atenção e preocupação, num qualquer organismo ou entidade de cariz público ou privado?

Quem é que não gosta de ser objecto de um processo de selecção para determinado cargo ou nova responsabilidade profissional, norteado por princípios de isenção, coerência e de avaliação correcta do perfil, competências e capacidades pessoais?

Quem é que não aprecia não ser preterido por razões de natureza política, ideológica, racial, crença, religião, sexo (ou preferência sexual) nos seus relacionamentos pessoais e de grupo?

É disto tudo que estamos a falar? É disto tudo que estamos a debater e a ser objecto de continuada avaliação (formal e informalmente), em casa, no trabalho, no círculo de amigos considerado e supostamente íntimo, no colectivo generalista e impessoal do quotidiano?

A ser verdade (que não sei, nem encontrei ninguém que até à data o consiga provar!), julgo estarmos a falar simplesmente de uma coisa: de cada um ser ele próprio!

De pautar a sua conduta e postura pessoal, social e profissional por princípios de isenção, rigor, espírito auto-crítico e, sobretudo, de respeito pelos seus semelhantes.

Nada existe que seja supra os ditos valores de honestidade, sinceridade e idoneidade. Por muito que custe. Por muito que se sofra. Por muito de que se arrependa.

Como dizia um amigo pessoal que, no auge da sua sapiência de vida e da sua longevidade, afirmava com a segurança só possível de atingir após muito observar e muito ter feito numa vida recheada de peripécias, sucessos e insucessos:


Hoje em dia, falta muita "coluna vertebral" a muita gente para assumir os erros cometidos e daí tirar ilações, bem como para aceitar as derrotas justificadamente provadas e assim, aceitar os resultados e prestar a devida vénia aos justos vencedores, sem mágoa, rancor ou sentido de desprezo.



João Rocha Santos

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