Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sábado, dezembro 19, 2009

Acordo e Consenso


O chamado "Acordo de Copenhaga", alcançado esta sexta-feira à noite entre os Estados Unidos, a China, a Índia e a África do Sul com o envolvimento de outros países como o Brasil e países da União Europeia, não reúne o consenso de todos os países representados na Cimeira do Clima, em Copenhaga. Alguns países já garantiram mesmo que não votarão favoravelmente o documento.

A Cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas decorreu em Copenhaga (Dinamarca) de 7 a 18 de Dezembro, e tinha como principal missão chegar a um acordo sobre metas de diminuição das emissões de carbono (CO2). O novo documento deveria substituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012, e foi discutido por cerca de 15 mil delegados de 192 países, incluindo alguns chefes de Estado. Além das novas metas de redução das emissões, tanto para os países industrializados como para os em vias de desenvolvimento, eram necessários compromissos sobre o financiamento dos esforços de adaptação às alterações climáticas por todos, mas sobretudo nos países mais pobres.
Entretido a comer filhoses e outras delícias da quadra natalícia, ainda não tive tempo de aprofundar minimamente os resultados da cimeira.

Mas uma coisa chamou-me logo a atenção.

A Cimeira foi um sucesso pois chegou-se a um acordo, mas foi um fracasso porque não houve consenso.

E não é que pode estar aqui uma das maravilhas da vida ?

Sejam as populações sejam os países , todos temos consciência de que existem problemas a enfrentar ao longo da vida. E então estamos de acordo, os problemas existem.

A seguir, passamos à fase da resolução dos problemas e aqui é que são elas.

Fazemos mil e um encontros, cimeiras mundiais com representantes de todas as partes interessadas ( ? ) e no final deveríamos chegar a um acordo.

Não sei se entretanto o significado de acordo mudou, mas para mim estarmos de acordo é dizermos todos que sim senhor é assim, ou sim senhor é assado.

Se uns disserem que é assim e outros que é assado, não estamos de acordo.

Quanto ao consenso ele estabelece-se quando duas ou mais partes chegam a um ponto comum de decisão durante uma negociação.

Mas o ser humano, o mais brilhante ( ? ) de todos os seres que habitam neste planeta, consegue uma coisa ainda mais maravilhosa; consegue chegar a acordos globais sem que haja consensos.

Também assim o fazemos no nosso dia-a-dia. Vítimas do nosso orgulho ou egoísmo, vamos estabelecendo sucessivos acordos onde o que mais importa é que a nossa opinião se sobreponha à dos outros.

Mas como estamos em tempos de tréguas natalícias, vamos descansar um pouco, desejar que tudo corra bem a todos e esperar que o ano novo, traga novas ideias às nossas mentes.

1 comentário:

Mário de Jesus disse...

Esta conferência era demasiado importante para redundar num fracasso!

Não foi exactamente um fracasso mas da mesma resultou um sentimento geral de frustação pela não ratificação de um acordo reconhecido por todos os países envolvidos.

Se Quioto redundou num fracasso, pese embora todos os objectivos e compromissos inicialmente aceites, fracasso esse que só mais recentemente se confirmou, o que dizer de Copenhaga em que menos compromissos (antes acordos de princípio) foram conseguidos?

Com os EUA e a Europa de um lado, com África, a Índia e em especial a China do outro, cujos interesses em matéria ambiental são antagónicos em muitas áreas, torna-se difícil um acordo. E este acordo teria que resultar de algo mais do que apenas uma vontade ambiental em mudar o estado das coisas. Este acordo teria que se revestir de uma enorme vontade do lobby empresarial e acima de tudo de vontade política para que algo em comum surgisse.

Como poderão a Índia, os países de África e a China crescer a um ritmo desejável cumprindo metas ambientais exigentes e por vezes castradoras desse mesmo crescimento? Se os países desenvolvidos não o fizeram? E como poderão estes vir agora apregoar essa moral?

Caso difícil não será?

Por mim não tenho a resposta e dou a palavra aos ambientalistas do FRES (onde me incluo embora sem nenhum expertise na matéria).

Abraços

Mário de Jesus