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«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

terça-feira, novembro 17, 2009

Empreendedorismo – A Concepção de uma Ideia


Ninguém nasce empreendedor. O empreendedor faz-se a si mesmo. É claro que há indivíduos com uma maior predisposição para empreenderem podendo estes ser mais ou menos influenciados por factores que podem contribuir para que se seja caracterizado como um verdadeiro empreendedor. Aliás, importa perguntar o que é um verdadeiro empreendedor? Será aquele que por sua iniciativa e risco resolve tomar a decisão de investir num novo negócio? O que pretende simplesmente mudar de vida? O que quer investir num projecto social, dedicar-se a uma invenção, a uma ideia nunca antes pensada e explorada ou mesmo a investir nos outros?

Ou é antes aquele que por necessidade e vicissitudes da vida se viu obrigado a empreender? Porque perdeu o emprego, porque tem que enfrentar uma nova dificuldade física ou outra, porque o dinheiro que hoje ganha não é suficiente para atingir os seus sonhos ou suprir as suas necessidades?

E qual destes dois modelos caracteriza o verdadeiro empreendedor? Será um mais empreendedor do que o outro?

É sabido que existem determinados factores que ajudam a criar na pessoa alguns traços de personalidade empreendedora. Por exemplo factores inatos de personalidade, a influência (e história) familiar próxima, a vivência num meio onde as relações sociais e profissionais são mais propensas a tal, em virtude de experiências pessoais e profissionais passadas, a formação académica ou, visto de outra perspectiva, a necessidade então surgida. Mas serão estes factores absolutamente determinantes? Quem tem a certeza?

Por vezes ter suporte financeiro e familiar, parecendo que é o suficiente (algumas poucas vezes é assim) não representa nada se faltarem as ideias, a vontade ou capacidade de as concretizar.

De uma ou de outra forma, acredito que, o que mais determina o sentido de empreendedorismo do indivíduo é, em primeiro lugar, os seus traços de personalidade sendo que esta é determinada por alguns dos factores atrás referidos. Penso igualmente que esta característica é em muito gerada pela influência familiar, experiências sociais, pessoais e profissionais vividas, ainda que estas últimas sejam menos importantes para a questão. Recordemos o que nos ensinam os psicólogos e pediatras quando nos referem que a personalidade da criança se forma durante os seus 3 primeiros anos de vida. E durante estes primeiros anos de vida a criança constitui a sua personalidade baseada nas relações com os seus progenitores i.e. no amor, carinho, atenção e segurança que lhe são dedicados mas também na auto confiança que é possível inculcar nessa criança.

Por isso acreditar numa ideia e num projecto é ter capacidade de sonhar e acreditar nesse sonho. E esse sonho configura a concepção de uma ideia, seja ela qual for. Representa crença, tempo e energia dedicados à mesma.

Se nos centrarmos em concreto no empreendedorismo como a criação e desenvolvimento de um projecto empresarial, a concepção de uma ideia diz respeito ao surgimento de algo na cabeça do empreendedor que se pode consubstanciar no desejo e vontade de criar uma empresa ou um negócio. Essa ideia pode surgir de várias origens ou fontes de inspiração: detecção de uma oportunidade de mercado, aplicação de capacidades e experiência profissional adquiridas, hobbies pessoais, invenção criada pelo próprio, paixão por uma determinada actividade etc.

Qualquer que seja a ideia, esta tem acima de tudo que ser realista e ajustada ao mercado onde pretende prosperar. É neste contexto que deve ser desenhado o perfil da empresa tendo em conta o perfil do empreendedor. Por isso este deve ter em conta uma diversidade de aspectos na fase de arranque do seu projecto como sejam:
A sua experiência no negócio;
A adequação da sua formação profissional ou académica;
Como poderá diferenciar a sua oferta e que valor trará aos seus clientes;
O tipo, dimensão e maturidade do mercado onde pretende entrar;
O tipo de concorrentes existentes;
O perfil de consumidor a que se irá dirigir;
As características do produto ou serviço que pretende oferecer;
As suas necessidades de investimento;
A capacidade e as fontes disponíveis para se financiar;
Os apoios disponíveis à sua actividade;
A regulamentação da actividade se a houver,

para além de outras considerações como o capital social necessário, quem, quais e quantos são os sócios do projecto, a localização da empresa, o tipo de licenças (se necessárias) para operar, entre alguns outros.
Acima de tudo importa perceber se o mercado (clientes alvo) reconhecem a importância e a necessidade da sua oferta e se é exequível a criação e o desenvolvimento do negócio tal qual foi pensado. Por outras palavras, a concepção da ideia e a sua implementação devem ser pensadas de forma realista. E é de forma realista que deve ser alimentado o sonho.

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