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«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quarta-feira, outubro 07, 2009

Atrasos nos pagamentos entre empresas custam 1,6% do PIB


O início deste post é uma transcrição do artigo do Jornalista João Madeira do Sol constante do seguinte link
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=150130

“ Prazo médio de 92 dias

Atrasos nos pagamentos entre empresas custam 1,6% do PIB
Por João Paulo Madeira

Portugal ocupa a quarta pior posição na Europa no que diz respeito a prazos de pagamentos entre empresas, de acordo com um estudo divulgado hoje pelo Banco Espírito Santo (BES).

Em 2009, o período médio de pagamento entre empresas ascendeu a 92 dias, mais 46 do que o prazo médio contratualizado. Apenas Grécia, Espanha e Itália têm prazos mais dilatados, mas a diferença entre o período real de pagamento e o estabelecido nos contratos é menor do que em Portugal.

O estudo sustenta que o recurso ao crédito bancário pelas empresas, para poderem financiar o atraso de 46 dias, atinja cerca de 47 mil milhões de euros, cerca de 28,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Como os bancos nacionais também se endividam no exterior para assegurar estas operações, o financiamento dos atrasos resulta num encargo adicional de 2,7 mil milhões de euros em juros, o que representa 1,6% do PIB. “
Fim da transcrição.

Já aqui abordamos a questão dos efeitos nefastos nos atrasos de pagamento que se verificam em Portugal.

A maior parte das empresas e instituições que não têm liquidez para fazer face aos seus compromissos de curto prazo recorrem ao crédito bancário como recurso mais frequente para resolver este problema.

A questão não é fácil de abordar pois muitas vezes temos logo à partida 2 pontos de vista diferentes:
- O primeiro é o de muitas empresas estarem só a trabalhar para o banco, ou seja, a margem do seu negócio é “comida” pelo juro que tê de pagar ao banco pelos empréstimos contraídos e o banco surge assim como o “mau da fita”.
- Outros dizem que os bancos estão a ser a “tábua de salvação” de muitas empresas pois só eles, correndo riscos de incumprimento por parte dos clientes, estão dispostos a disponibilizar o tão desejado fundo de maneio.

Cabe às empresas que recorrem ao crédito perceber qual o custo que na realidade vão suportar com o crédito bancário, analisando se ele é comportável no médio-longo prazo, face aos reais resultados da sua normal actividade económica.

Muitas vezes o recurso ao crédito e até a créditos para pagar créditos, resulta numa espiral de custos que levam a prejuízos bem maiores para as empresas.

Por outro lado, é de notar uma diferença de postura de muitas empresas que já não se preocupam tanto em apresentar aos bancos, sucessivos acréscimos de volume de facturação.


O muitas vezes idolatrado “volume de negócios elevado” está a dar gradualmente lugar a um volume de negócios mais adequado ao cumprimento dos clientes. Dito de outro modo é preferível vender 500 e receber 500 do que vender 1000 e só receber 700.


São novas realidades que se colocam aos gestores das empresas e instituições e todos nós devemos estar atentos e preparados para as implicações destas realidades.

1 comentário:

Mário de Jesus disse...

Muito bem visto Otávio.

Conheço bem o tema e a problemática pois lido com ela há muitos anos em termos profissionais.

Aqui há que reconhecer o valor e importância do papel dos bancos. Se estes não actuassem as empresas simplesmente faliam.

Porém a dívida é muitas vezes castradora do negócio. Ou Vice-versa, i.e. o negócio é o vilão que conduz à dívida.

O que quero dizer com isto é o que chamo a armadilha do crescimento: mais vendas e crescimento no negócio implica em muitos casos mais dívida. Até ao ponto em que a empresa atinge um nível de custos que lhe consomem a margem. Conheço muitos muitos casos.

Mas reparem na origem do problema: não cumprimento com os prazos de pagamento. Uma parte substancial do problema surgiu por questões comportamentais e de atitude.

Quais os países com maiores incumprimentos e atrasos? Os Latinos.

Reflictamos e concluemos...