Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

terça-feira, agosto 11, 2009

As Cidades como pólos de desenvolvimento local e regional - II


4. Uma forma de medir a competitividade

Um recente estudo efectuado por dois académicos portugueses sobre as capitais de distrito portuguesas, utilizou o método que o Fórum Económico Mundial aplica para elaborar anualmente o ranking da competitividade mundial.

Este índice de competitividade global (constituido como um indicador de competitividade compósito) integra quatro sub-índices que medem: a competitividade laboral, a empresarial, a demográfica e de conforto. Os autores basearam o seu trabalho no Atlas das Cidades de Portugal (*).

Para determinar o sub-índice de competitividade empresarial são utilizados indicadores como o volume de negócios no comércio, a capacidade de alojamento média, a taxa bruta de ocupação de cama nos hoteis, as licenças para construções novas e para habitação e o número de visitantes por museu.

Já o sub-índice de competitividade demográfica utiliza indicadores como a densidade populacional, a taxa de crescimento da população, a idade média dos residentes, a esperança média de vida, a taxa de mortalidade infantil e a percentagem de recolha de resíduos sólidos.

Quanto ao sub-índice conforto, este agrega indicadores como o número de pessoas e de divisões por alojamento, alojamentos sem pelo menos uma infra-estrutura básica, alojamentos familiares vagos e edifícios exclusivamente residenciais.

Finalmente o sub-índice de competitividade laboral, inclui a taxa de desemprego, o número de trabalhadores das empresas existentes e o número de empresários em nome individual.

Curioso é constatar que os índices de competitividade utilizados neste estudo (e relembre-se, pelo Fórum Económico Mundial) focalizam-se muito em variáveis de âmbito social e demográfico mais do que em variáveis de natureza macroeconómica como muitas vezes se tem em conta na análise dos factores de competitividade.


5. Diagnósticos e recomendações sobre Lisboa

Lisboa tem bons exemplos de urbanização como por exemplo o bairro dos Olivais, bairro modelo não só ao nível nacional mas também europeu em meados dos anos 60, dada a harmonia de espaços, a coerência arquitectónica e as preocupações de carácter ambiental pelos espaços verdes que o integraram. O mesmo se aplica ao bairro lisboeta da Encarnação ou Alvalade.

Julgamos no entanto que falta à capital um plano estratégico de médio e longo prazo que lhe defina uma missão. Embora exista um PDM faltam planos de pormenor para zonas históricas, nobres ou com carências significativas de um bom ordenamento do território, o que gera a confusão, a indecisão e afasta investidores internacionais como bancos de investimento imobiliário e fundos de investimento imobiliários internacionais. Estes, gostando do que conhecem e julgando as potencialidades de desenvolvimento existentes, desistem em face da indefinição de regras tão elementares como o que se pode construir, o que se pode remodelar, como se pode construir ou quanto se pode construir.

Parte dos problemas de desordenamento existentes, do envelhecimento quer das infra-estruturas imobiliárias ou até da população residente na capital, seriam ultrapassados com o estabelecimento deste plano estratégico, o qual permitiria a recuperação, viabilização e rejuvenescimento da cidade.

Desta forma se definiriam as regras para a recuperação, modernização jurisdição, utilização e melhoramento das estruturas existentes e se encontrariam novas funções para os equipamentos.


6. Cidades e Estratégias de Internacionalização: Algumas propostas

As cidades são, como se sabe, veículos de captação de receitas importantes e essenciais por via do turismo (de habitação, cultural, mas sobretudo de negócios). Uma cidade competitiva é uma cidade que atrai e gera riqueza.

Num contexto actual de globalização das cidades é urgente que as cidades portuguesas se posicionem estrategicamente no plano internacional como eixos geoestratégicos e geoeconómicos geradores de riqueza e com elevada atractividade de pessoas, investimentos e serviços de qualidade.

Para que isso se torne possível é indispensável melhorar a competitividade dos portos marítimos de cidades como Lisboa, Leixões, Aveiro, Sines e Setúbal, tendo em conta a nossa especificidades geográfica como país de vocação marítima e como ponto de ligação no eixo Europa- Ámerica – África. Por outro lado, cada cidade deve ter definido um plano de internacionalização com vista à captação de investimento cultural, científico e comercial entre outros.

Esse plano de internacionalização implicará o fomento de parcerias internacionais com cidades de dimensão e funções semelhantes de outros países, em sectores onde ambas apresentem pontos fortes, que tenham servido de benchmarking em termos de pólos de desenvolvimento e que possam ser alvo de avaliação e partilha de experiência com os responsáveis das cidades portuguesas.

Esse plano de internacionalização implicará também uma análise SWOT (Strenghts, Weaknesses, Opportunities and Threats, ou seja Pontos Fortes, Pontos Fracos, oportunidades e Ameaças) de cada cidade e uma estratégia de marketing internacional com o objectivo de se criar um produto diferenciado (cidade diferenciada) com um preço atractivo (em serviços, em novos investimentos, actividades culturais e sociais) bem com um plano de comunicação internacional que a torne única de modo a que, na mente do residente ou do investidor, esta esteja associada a factores positivos (“market a city as a desirable place to live” usando uma expressão anglo-saxónica do marketing das cidades).

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