Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

segunda-feira, julho 20, 2009

Época do Detalhe, Pormenor e Rigor

Época do Detalhe, Pormenor e Rigor

Vivemos numa “arena” social onde se tudo se passa a uma velocidade abismal, onde não há tempo para parar escutar e observar. O dia é constituído por 24 horas, 1440, marcados por “Blocos”, género manhã até almoço, tarde até ao jantar, e por continuidade…reparamos que as horas, os dias, as semanas, meses, anos passam e não ligamos ao conjunto de pormenores que constituem as peças do puzzle que é a vida.

Os detalhes da Vida, aqueles momentos singulares que todos nós temos no nosso dia-a-dia mas que não damos conta por força do hábito, ie da própria rotina, que passam despercebidos, enfim que não valorizamos…os pormenores que marcam a diferença!

Há dias num café, observei que, estando a Senhora (a funcionária) na outra ponta do balcão
(no fundo do estabelecimento), e ao sentir a entrada de mais um suposto Cliente na loja disse sem tirar os olhos da tarefa que estava a realizar; “Café?”. Reparei e percebi de imediato que a interrogação era para a última pessoa/cliente que acabaria de entrar.

A Cliente, neste caso uma Senhora, dirigiu-se à montra rica em bolos e também percebendo que a interrogação se destinava a ela, deixou “cair” a interrogação e com calma, aguardou pelo “face-to-face” com a Senhora do Café.

Neste caso, bem como em muitos outros devido à rotina, pensamentos exteriores, outras variáveis, o detalhe, neste caso grande detalhe, leva-nos comuns cidadãos, seres sociais a evitar a Comunicação, ao desenvolvimento de relações inter-pessoais, à Escuta ao mero diálogo, ao simples e mero trocar de olhar, à linguagem não verbal.
Ao invés de sermos “robotizados”, mecanizados tentemos dar um “ar” mais natural, humano aos pormenores, detalhes da Vida, não falo apenas na execução, pois todos nós queremos ser e ir ao encontro do perfeccionismo, mas sim na observação, escuta, no pensamento!
No tentar decifrar o “Porquê” daquelas respostas, daquela atitude, na utilização daquele objecto em virtude de outro, nas palavras ditas, por exemplo, já dizia os sábios chineses: “As palavras que usamos influenciam a vida que vivemos. Escolha-as sabiamente!”.
Neste nível conseguimos não ver apenas e só ver a árvore, mas sim a Floresta!
Talvez possamos preencher os 3 Ego´s: o “id”, o “ego” e o “superego”. Possamos preencher o nosso jornal da vida com mais alegria compreensão, satisfação, entusiasmo, paixão e vontade, e rigor, enfim como dizem os franceses “rapport”!

Vamos junto do detalhe do pormenor, ao rigor, ao singular, do geral ao isolado, escutar perceber sem cair de uma forma simples e “gratuita” em comentários/observações.

Fazer o que tem de ser feito dando relevância aos “inputs” nossos, dos outros e fortalecer desta forma a nossa Linha de Pensamento. Tentar ser jornalistas, ie falar/pensar apenas no “Eu”, isentos no discurso, observar, escutar, ainda remontando aos sábios chineses “Temos uma boca e dois ouvidos, mas jamais nos comportamos proporcionalmente”.

Despertemos o nosso ser social (não num só sentido, do nosso mas dos outros para connosco, sem cairmos na standarização, no “pret-à-corter” que a sociedade de forma directa e indirecta nos tenta influenciar!
Valorizemos os detalhes, os pormenores o rigor, dos nossos e dos outros, Quando?, Como? Em que Circunstâncias?
Hoje! Escutando/Observando e Pensando! Sempre!

Alexandre Motty

3 comentários:

MJS disse...

E apetece-me dizer que as pessoas antes encontravam-se, agora andam aos encontrões. A vida é aquilo que acontece enquanto andamos preocupados em preparar o futuro. Temos pressa de (sobre)viver. MISSÃO: "Perfeição", mas esquecemo-nos que todos os dias cometemos as maiores gafes nas mais elementares regras de educação e convivência. Pode alguém pretender a "perfeição" quando diz um "bom dia" ou "café?" sem olhar nos olhos.. não me parece. Naturalidade, PRECISA-SE, em cada gesto que façamos. Nada nesta vida faz sentido se não tocarmos o coração das pessoas.

Cecília Santos disse...

Caro Alexandre

Gosto em particular do provérbio chinês "temos uma boca e dois ouvidos mas jamais nos comportamos proporcionalmente". Muitas vezes digo isso aos meus filhos.

Vivemos em multidão mas isolados. Lidamos com o ruído intenso do ritmo da vida e da urbanidade mas sentimos um silêncio solitário que nos rodeia.

Não conhecemos os vizinhos do prédio onde moramos, nem o nome do dono da padaria.Não cumprimentamos (pressa muita pressa) o homem da tabacaria onde compramos o jornal de manhã (se tivermos tempo para tal).

Vivemos hoje o EU e para o EU. Com egoísmo. E sentimo-nos muitas vezes sós.

O detalhe? Qual detalhe se mal vimos a floresta quanto mais a árvore.

Não há tempo para o detalhe porque o detalhe consome-nos o tempo...aquele tempo que tanto nos faz falta e atrás do qual corremos sem nunca o alcançarmos.

Anónimo disse...

Só no detalhe se aprecia/compreende a vida e tudo o que a rodeia. Em algumas coisas o detalhe é tudo!

Uma vida não chega para apreciar todos os detalhes. Por isso seleccionamos os detalhes que aprendemos a valorizar.

Cumprimentos,
Nuno Maia