Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, julho 12, 2009

Desistir ou Insistir ?


O prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus afirmou ontem que a crise económica global pode constituir uma oportunidade para uma mudança social positiva.

Yunus, fundador de um sistema de micro-crédito para os pobres, falava em Joanesburgo durante uma palestra em honra do antigo presidente da África do Sul, Nelson Mandela, que completa 91 anos no próximo dia 18.

O economista, do Bangladesh, defende que a crise financeira mostrou que as formas tradicionais de negócios não funcionam e advoga, pelo contrário, um modelo novo de negócios sociais que possam ajudar a reduzir a pobreza, proporcionar cuidados médicos e água potável às pequenas localidades.

Fundador do Projecto Banco dos Pobres que se oficializou em 1983 com a Constituição Formal do GRAMEEN BANK, Muhammad Yunus continua a ser uma voz de esperança para um equilíbrio social que quase todos desejam mas poucos trabalham para que aconteça.

Um dos méritos do Professor Yunus reflecte uma ideia recentemente realçada por uma pessoa próxima em termos profissionais, ou seja a necessidade de insistir em vez de desistir.

Como é que palavras com uma fonética parcialmente similar podem de uma forma tão determinante, traduzir consequências tão diferentes ?

Face a todas as dificuldades que qualquer projecto enfrenta, uma das atitudes naturais é desistirmos. Muhammad Yunus nunca desistiu, e o facto de em 2006, conjuntamente com o Banco Grameen, que ele próprio fundou, terem alcançado o prémio Nobel da Paz, mostra que muitas vezes o caminho não passa por desistir mas sim por insistir.

Neste processo de insistência, a participação de todos ou de uma grande maioria, torna muito mais fácil a prossecução de objectivos bons para toda uma comunidade.

A nossa principal preocupação é uma comunidade especial chamada Portugal.

Não somos os únicos a querer que muitos rumos errados se alterem. Não somos os únicos a contribuir de forma livre e espontânea para que mais ideias se debatam e mais consensos se alcancem.

Quando o caminho mais fácil é desistir, continuaremos a optar por insistir constituindo assim um "Porto de Abrigo" para todos os que não se querem resignar.

Não é necessário que todos se dediquem a esta ou a outras causas em regime exclusivo. Basta que paremos e dispensemos uns minutos por semana para entender que uma sociedade coesa não se constrói com todos os seus elementos a fecharem-se em “bunkers de egoísmo”.

Sem prejudicar o que cada um alcançou com o seu próprio mérito, é possível construir um espaço complementar de contribuição para uma vida melhor de toda uma sociedade. Podemos não ter ainda noção de quais são os grandes desígnios nacionais que os nossos dirigentes deveriam traçar. Mas o desígnio de cada um em contribuir de forma parcial e complementar a outros objectivos pessoais que traçam para si próprios, não me parece um desígnio tão difícil de alcançar.


Basta mudar algumas letras e transformar o desistir em insistir.

1 comentário:

Cecília Santos disse...

"Podemos não ter a noção dos desígnios nacionais que os nossos dirigentes querem para o país..."

Isto é exactamente o inverso do que deveremos pretender e o contrário do que deveremos procurar. Os desígnios nacionais têm que ser definidos por todos nós...cidadãos de igual e pleno direito. É precisamente nestas questões que os cidadãos deste país falham. Pensar que os designios nacionais são responsabilidade dos políticos e dirigentes. Os dirigentes da nação somos todos nós.

Mas em relação ao Professor Yunus, sou um seu grande adepto e entusiasta. Já estudei a fundo o micro-crédito e já escrevi muito sobre o mesmo.

Li o Livro "O Banqueiro dos Pobres" que é um livro verdadeiramente excepcional e uma autêntica bíblia sobre o empreendedorismo social o qual recomendo a todos os meus amigos fresianos.

Um abraço

Mário de Jesus