Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, maio 31, 2009

Impressionante capacidade de poluir

Mais de 180 voluntários estiveram ontem na Praia dos Pescadores, na Baía de Cascais, numa operação de limpeza subaquática de resíduos no âmbito do Projectmar.
A iniciativa foi promovida pela escola de mergulho Divetek em parceria com a Sociedade Ponto Verde (SPV).

Ao todo foram retiradas do fundo do mar mais de quatro mil toneladas de resíduos, saldando-se esta operação numa das maiores iniciativas do género em Portugal e rara na Europa.
Todos os resíduos removidos vão ser agora encaminhados para valorização através da SPV, entidade responsável pela gestão de resíduos de embalagens em Portugal e parceira no projecto.
"Entre os resíduos recolhidos com o apoio da grua presente no local contam-se embalagens de plástico, metal, vidro e madeira e, entre os de maior porte, carrinhos de supermercados, tubagens, material de pesca e pneus. Todos estes resíduos vão ser encaminhados para valorização através da SPV" afirma Luís Veiga Martins Director-Geral da Sociedade Ponto Verde.
Registo com agrado esta iniciativa. Para contrabalançar a nossa impressionante capacidade de poluir só iniciativas deste género poderão dar uma forte ajuda.
É também um sinal que existem projectos e acções concretas para defesa e protecção do nosso ambiente. A ideia de fazer do mar um dos nossos caixotes de lixo, tem de ser erradicada.
O mundo vive num cenário de diminuição de recursos naturais por explorar e Portugal tem no Mar, um dos seus mais valiosos recursos.
Ouvi falar de um projecto que pretende reclamar para Portugal uma vasta extensão de território marítimo, ou seja, este Oceano aqui tão perto de nós, tem nas suas profundezas muito potencial a explorar. Caso alguém saiba mais sobre este projecto agradeço que partilhem essas notícias. Eu próprio irei tentar aprofundar-me mais sobre este tema, pois o Mar merece todo o nosso respeito.
No passado foi através dos Mares que nos demos a conhecer ao mundo. No presente e no futuro, muito podemos ainda aprender e aproveitar com o Mar.

domingo, maio 24, 2009

Os Homens do Leme

No link
http://dn.sapo.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1242665
podemos ler a seguinte notícia da Agência Lusa
Robert Zoellick-Presidente do Banco Mundial prevê crise por muito tempo
O presidente do Banco Mundial considerou, numa entrevista hoje publicada em Espanha, que a crise mundial poderá resultar numa «grave crise humana e social», se não foram tomadas a tempo medidas adequadas.
«Se não tomarmos medidas, existe o risco de se chegar a uma grave crise humana e social, com implicações políticas muito importantes. As medidas de relançamento podem ser determinantes», declarou Robert Zoellick ao jornal espanhol El Pais.
«O que começou como uma grande crise financeira e se tornou numa profunda crise económica, deriva actualmente para uma crise de desemprego», sublinhou.
«Se criarmos infra-estruturas que empreguem pessoas, isso pode ser um meio de associar estes desafios a curto prazo com estratégicos a longo prazo», acrescentou Zoellick.
O presidente do Banco Mundial afirmou que dado «este contexto, ninguém sabe verdadeiramente o que se vai passar e o melhor é estar pronto para qualquer imprevisto».
«Existe aquilo que chamo o 'factor x' e que nunca vemos chegar, como a gripe» A (H1N1), acrescentou, alertanto também para outras «zonas de sombra»: «os perigos ligadosao proteccionismo e à dívida privada no mundo emergente, apesar das ajudas do FMI» (Fundo Monetário Internacional).
O presidente do Banco Mundial sublinhou que a recuperação económica tardará a chegar e quando ocorrer será de "baixa intensidade durante muito tempo" porque a indústria não tem escoamento e o desemprego vai continuar a crescer.
Zoellick considerou pouco provável que se repita uma depressão como a dos anos 30, embora "se acontecesse, seria terrível", com alto custo social, sobretudo nos países em desenvolvimento.
Por outro lado, disse que o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, com quem se reuniu esta semana em Madrid, é "optimista por natureza" por acreditar que a recuperação "pode chegar antes do que se pensa".
Fim da transcrição da notícia.
Na qualidade de simples cidadão português, europeu e mundial não posso deixar de ficar preocupado com as ambiguidades deste excerto de discurso do presidente do Banco Mundial, devendo a preocupação aos seguintes factores:
1. “ …crise mundial poderá resultar numa «grave crise humana e social», se não foram tomadas a tempo medidas adequadas.” Perante esta afirmação de Robert Zoellick, pergunto eu: que medidas devem ser então tomadas, qual o tempo em que devem ser tomadas e por quem devem ser tomadas ?
2. “… dado este contexto, ninguém sabe verdadeiramente o que se vai passar e o melhor é estar pronto para qualquer imprevisto”. Aqui parece-me mais um exercício ambíguo e difícil, como é que podemos estar preparados para qualquer imprevisto se estamos constantemente a ser surpreendidos pelos efeitos em cadeia da crise financeira ?
3. Mais um dado ambíguo: “ Existe aquilo que chamo o 'factor x' e que nunca vemos chegar, como a gripe» A (H1N1), acrescentou, alertando também para outras «zonas de sombra»: «os perigos ligados ao proteccionismo e à dívida privada no mundo emergente, apesar das ajudas do FMI» (Fundo Monetário Internacional)” . O que me parece sinceramente é que estamos a “navegar” por demasiadas zonas de sombra. É tempo de começarmos a ter algumas certezas. Como é que podemos pedir a colaboração de todos na luta contra a crise se estamos dominados por tantas sombras e incertezas ?
4. “ O presidente do Banco Mundial sublinhou que a recuperação económica tardará a chegar e quando ocorrer será de "baixa intensidade durante muito tempo" porque a indústria não tem escoamento e o desemprego vai continuar a crescer.” Esta afirmação então é demais. Todos estamos numa lenta agonia à espera da retoma económica. Agora surge-nos o presidente do Banco Mundial a dizer que tardará ( ou seja não faz ideia de quando ocorrerá ) e quando finalmente chegar será de baixa intensidade durante muito tempo, que também não fazemos nenhuma ideia do que isso quererá dizer. Aqui a questão principal é saber qual o cenário actual, de curto e médio prazo com base nas quais estamos a definir as nossas estratégias de luta contra a crise. Os cenários que traçamos têm a validade de 1 ano, 2 anos , 10 anos ? Não faço a mínima ideia, mas eu que até nem sei nadar, estou a ter muita dificuldade em “navegar” nesta maré de incertezas.
5. “Zoellick considerou pouco provável que se repita uma depressão como a dos anos 30, embora "se acontecesse, seria terrível", com alto custo social, sobretudo nos países em desenvolvimento.” Mais uma no cravo e outra na ferradura o que me deixa ainda mais nervoso e intranquilo.
Peço desculpas por num texto tão pequeno, duplicar tantas partes. O que pretendi transmitir é que os cidadãos estão prontos para dar o seu contributo e no dia-a-dia vão dando o seu melhor.
Agora o que deve também acontecer é os detentores de cargos de maior responsabilidade a nível nacional , europeu ou mundial, não se deixarem dominar por discursos totalmente ambíguos e nada esclarecedores.
Está na hora de os homens do leme assumirem posições claras. Caso não saibam o que fazer, em vez de teimosamente ficarem agarrados ao poder, talvez seja melhor saírem de cena e darem lugar a outros que estejam e sejam mais esclarecidos.

sexta-feira, maio 15, 2009

OS PÁSSAROS

 Sair de Lisboa, ou de uma outra cidade , mais ou menos agitada e poluída, e passar uns dias no campo, é uma forma de retemperar o corpo e a mente. Assim o fizemos e rumamos ao Alentejo.

Mas, para além das nossas expectativas, de contemplar o horizonte da planície alentejana, ouvir o sossego dos sons da natureza, desde o cacarejar das galinhas e do canto dos galos, passando pelo balir das ovelhas até ao chilrear dos pássaros, o que, por si só, já justificava a nossa demanda, ainda fomos aprender como se reage a situações adversas, o significado de persistência e o que realmente é o trabalho de grupo.

Pois é, fomos aprender, não ouvindo dissertações académicas de doutores e teóricos em estratégias e tácticas que nunca vivenciaram, mas tão simplesmente observando na prática o comportamento de alguns pássaros. Como? Passamos a expor : na casa onde ficamos, deixada por uns avós, simples casa térrea num dos vários montes alentejanos, junto a Almodôvar, e por nós recuperada, existe um alpendre, cujas telhas estão a descoberto, suportadas por pequenas vigas de cimento e que apresentam alguns espaços abertos, que os pardais, de há uns tempos a esta parte, têm vindo a aproveitar para aí construírem os seus ninhos. Cansados da sujidade que os referidos pássaros diariamente fazem, resolvemos este ano, antes de fazerem os ninhos, porque aí já não teríamos coragem de os destruir, tapar os espaços abertos com pedaços de esferovite, até porque a primavera espreita e já se nota o bulício dos pássaros em busca de locais de nidificação.

Porém, um dia destes, quando nos levantamos e abrimos a porta para o alpendre, deparámos com 2 pássaros fugindo e, com espanto nosso, tinham retirado “à bicada” esferovite desenhando uma abertura para passarem, obtendo, deste modo, uma confortável casa com isolamento térmico e acústico. Mas como é possível manterem-se no ar se não são colibris e não têm o bico comprido? Desconfiados voltamos a tapar os espaços com esferovite mais volumosa como forma de resolver de vez a situação: Mas, no dia seguinte, a cena repete-se, constatando que já eram cerca de 4 ou 5 pássaros a esvoaçarem quando abrimos a porta. Isto já nos parecia trabalho de grupo e, como tal, para grandes males ... grandes remédios. Desta feita tapámos com pedras e assim ficaria o assunto resolvido de vez.

No dia seguinte, abrimos a porta e já só fugiram 2 pássaros e nada tinha acontecido. Pensámos ... finalmente estão convencidos de que perderam a causa.

Qual não é o nosso espanto quando, no dia seguinte, ao abrir a porta, deparámos com mais de meia dúzia de pardais a esvoaçarem e no chão jazia inerte uma das pedras que tínhamos enfiado dentro do buraco junto às telhas ... quase não acreditávamos.

Perante os factos, decidimos deixar em aberto um espaço para recompensar o esforço, a persistência e sobretudo o trabalho de equipa, pois, em poucos dias, entenderam que só com o esforço concentrado de todos, em torno de um objectivo comum é possível superar as adversidades.

Ainda bem para eles, que não são como nós (salvo raras e honrosas excepções, a que eu gostaria de pertencer) que nos preocupamos mais com dividir para reinar, olhamos mais para os nossos umbigos e somos mais egocêntricos do que sociais, faltando-nos espírito e coesão de grupo.

De facto o que temos e nos confunde são objectivos comuns, em que procuramos atingir não o bem estar global mas o nosso próprio bem estar, pensando que  estamos assim a trabalhar para a sociedade, só que o nosso conceito de sociedade assenta na definição de que esta é “eu e os outros ... e não nós”.

Era bom uma mudança de atitudes, a começar pelos nossos políticos, já que temos de começar por algum lado, que seja por aqueles que têm ... ou deviam ter, a responsabilidade de observar os pássaros e entender, de uma vez por todas,  o que é governar/trabalhar para o bem comum e não para si próprios!

domingo, maio 03, 2009

Investimento, Desenvolvimento e segurança


Tem sido um tema recorrente no país retomar a polémica gerada quanto ao custo-benefício do investimento em grandes obras públicas. Para uns, o investimento no betão é um desperdício pois estamos perante aquilo que se designa por um bem não transaccionável. Para outros é sinónimo de desenvolvimento e maior competitividade para o país.

Sem pretender alongar muito a discussão diria que tenho sido cauteloso nas minhas posições. Nos actuais tempos de crise o país tem que ser muito criterioso no gasto/investimento do dinheiro público e gerir segundo critérios de prioridade, começando pela resolução dos problemas de natureza social (riscos com a elevada taxa de desemprego).

O tempo exige pois uma prioritização e re-calendarização das decisões de investimento desta natureza. Viajo diversas vezes Lisboa/Porto e vice-versa em Alfa Pendular e digo que não temos necessidade de investir milhares de milhões de euros neste trajecto para TGV quando aquele comboio cumpre o trajecto em 2 horas e 45 minutos com o maior do conforto. Já a importância futura entre Lisboa e Madrid se me apresenta como merecendo maior reflexão. Digo maior reflexão, não decisão e investimento imediato.

E agora vou ao tema que aqui me trouxe. Portugal tem investido muito em novas auto-estradas e vias rápidas secundárias. É um facto que a malha rodoviária nacional é hoje das mais desenvolvidas da Europa. Trouxe-nos isto vantagens apara a nossa qualidade de vida? É inquestionável que sim. Os fundos investidos foram os apropriados? Talvez, não sei. O que é facto é que hoje é possível (por esta razão - não abordo aqui outras) deslocalizar qualquer actividade e cobrir o país de lés a lés com rapidez e conforto. E saberemos nós em concreto o que o investimento nesta malha rodoviária nos trouxe de mais positivo? Talvez não saibamos. Aqui ficam alguns dados.

Em 1995 Portugal estava na cauda da Europa quanto ao nº de acidentes na estrada e mortes na rodovia (Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária).

De 1989 a 2008 a evolução em alguns indicadores foi a seguinte:

O crescimento dos veículos em circulação –> 200%
O crescimento no consumo de combustíveis –> 112%
O decréscimo dos acidentes com vitimas –> 23%
O decréscimo em vítimas mortais –> 67%
O decréscimo em feridos graves –> 79%

De 1991 a 2007 Portugal aproximou-se do nº médio de vitimas mortais em acidentes rodoviários na UE quando em 1995 essa diferença era negativa em 105% e ainda em 2005 o era em 30%.

Entre 1997 e 2006 Portugal, juntamente com a Letónia e Estónia, foram os países que registaram maior decréscimo no nº de mortos por acidentes com veículos de 2 rodas a motor.

Nesse mesmo período Portugal esteve no grupo dos 4 países (juntamente com a Suíça, Eslovénia e Holanda) que mais reduziram o nº de mortes em acidentes na auto-estrada.

Portugal foi dos poucos países (juntamente com a França e Irlanda) que obteve uma taxa média de redução da mortalidade das crianças em quase 15%.

Entre 2001 e 2008 o país esteve entre os 3 primeiros com os melhores resultados na redução do nº de vitimas mortais por milhão de habitantes (Luxemburgo – 50%, França - 49% e Portugal - 47%).

Estes resultados são a causa directa da melhoria dos investimentos nas vias rodoviárias do país. Não sejamos ingénuos ao ponto de pensar que resultaram de alterações comportamentais profundas. Necessários e indispensáveis para este progresso. Agora há que medir e analisar opções quando o dinheiro não dá para tudo.