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«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

terça-feira, janeiro 13, 2009

O nosso prémio dele(s)

Cristiano Ronaldo foi ontem considerado pela FIFA ( Associação Internacional das Associações de Futebol de cada país do Mundo ), o FIFA World Player 2008, ou seja, o melhor jogador do mundo em 2008.

É um título que deixa qualquer um orgulhoso e nós como portugueses, temos naturalmente de estar orgulhosos com os feitos alcançados por qualquer compatriota nosso que se destaque a nível mundial, pelo que aqui expresso também os parabéns ao Cristiano Ronaldo.
Como elogios não vão faltar, vindos de todas as partes do mundo, gostaria de abordar este feito de uma outra perspectiva, ou seja, analisando algumas das condições que contribuíram para que Ronaldo fosse considerado o melhor do mundo.
Ronaldo foi considerado o melhor porque em 2008 ganhou os seguintes títulos:
- Campeão da Liga Inglesa pelo seu clube, Manchester United
- Campeão Europeu de Clubes, pelo seu clube, Manchester United
- Campeão Mundial de Clubes, pelo seu clube, Manchester United
- Melhor Marcador da Europa, pelos golos que marcou no seu clube, Manchester United
Para a consagração de qualquer campeão, muitos factores têm de se conjugar pois ninguém é campeão sozinho. Embora sendo português, é através de um clube inglês que Ronaldo se vê agora consagrado. Muito do mérito do seu feito deve-se ao facto de o Manchester United ter apostado nele 5 anos atrás. E começa aqui o segredo da dimensão mundial que Ronaldo alcançou.
Num clube português, dificilmente Ronaldo alcançaria nos dias de hoje, os feitos que conseguiu o ano passado ao serviço do Manchester United. O Manchester United é um clube que aposta totalmente nos seus colaboradores. E as apostas que fazem não são apostas para 6 meses ou um ano. Ronaldo foi muito acarinhado e motivado ao longo de 5 anos. Os seus primeiros anos em Inglaterra não foram fáceis e não lhe deram o destaque que alcançou agora. No entanto os responsáveis do Manchester e o seu treinador há 2 décadas, Sir Alex Fergusson, nunca deixaram de acreditar nele. As vitórias e os títulos raramente surgem do acaso. São quase sempre conseguidas através de uma boa organização, com uma boa planificação e uma aposta no médio-longo prazo. Os clubes e as organizações portuguesas podem e devem estudar o exemplo do Manchester United. A este clube inglês se deve em muito, o feito de Cristiano Ronaldo.
Até porque em 2008, tivemos um Campeonato da Europa na Austria-Suiça. Nesse Campeonato os milhares de Portugueses emigrados na Suiça, deram um apoio e um carinho fantástico à Selecção Portuguesa onde Ronaldo era a principal figura. Mas nesse Campeonato da Europa, a Selecção Portuguesa não triunfou, nem sequer chegou às meias-finais, apesar de todos terem a forte esperança de que poderíamos ser Campeões.
A selecção portuguesa e Cristiano Ronaldo, saíram do Europeu pela porta pequena, de forma discreta e longe da consagração que esperavam obter.Temos o melhor jogador do mundo mas que em 2008 pouco conseguiu fazer ele pela nossa Selecção.
Este prémio servirá mais uma vez para repensar que os trabalhadores portugueses estão ao nível dos melhores do mundo, mas falta-lhes das organizações nacionais, a planificação, o apoio e a motivação que são necessárias para tirar deles todo o seu potencial.
Este prémio deixa os portugueses orgulhosos mas Cristiano Ronaldo, no discurso da consagração não se lembrou de dedicar o prémio também aos portugueses, nem sequer ao clube e ao treinador que o ajudaram a alcançar este feito. Dedicou-o à sua família e aos seus amigos, pelo que o título deste artigo é com alguma ponta de tristeza: O nosso prémio dele(s).

1 comentário:

Mário de Jesus disse...

Excelente visão e oportunidade.

De facto o que nos falta por cá para fazer vingar os capazes e competentes, os virtuosos e os geniais, é, muitas vezes, ou quase sempre, a boa organização, o bom método, o planeamento, a visão de longo prazo. Quer das empresas quer de outras instituições, públicas ou privadas, desportivas ou outras, como também dos clubes de futebol.