Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Requiem a esta crise que nos assola


Vítor Constâncio afirma que Portugal vai entrar em recessão. O 3º trimestre registou um crescimento negativo esperando-se que o 4º trimestre siga este rumo. Isto significa recessão técnica. Tudo devido à quebra no consumo, das exportações e do investimento. Fundamentalmente a quebra na procura externa provoca-nos este estrago. Diz-se que a recessão vai durar até 2010, ano em que a economia iniciará o processo de recuperação. Crescer 0,1%, ou 0,0% ou ainda –0,1% não será igual?

CRISE. A palavra mais utilizada hoje em dia na boca dos cidadãos portugueses. Ou não fosse o nacional pessimismo instalado o motor de (des)impulso do país. Fala-se de crise muito antes desta se instalar.

Não tenhamos dúvidas que 2009 será um ano muito difícil quando 2008 já o foi. Está assim a Europa e os EUA. Sobra o crescimento da China, Índia ou Brasil. Mas não estamos lá.

Portugal necessita por isso de estímulos, de palavras motivadoras que nos tirem deste marasmo. Iniciativas enérgicas, palavras de confiança e acima de tudo muito trabalho. É necessário o país implementar um plano de contingência nacional. E não seguir ou cair nas tentações da política e dos políticos. Quando o mundo ocidental está como está, quando os EUA estão como estão, fruto da crise financeira instalada, é pura demagogia acusar os actuais governantes, seja de que país for, catalogando-os como responsáveis pela crise. Todos o serão, políticos e cidadãos. Todos participámos no esquema, de uma ou de outra forma. Não dizem os economistas e outros académicos que a economia vive por ciclos de prosperidade versus recessão? Então como contrariar isto? Se não fosse o subprime seria um qualquer superprime.

Portugal necessita de um governo que apoie as empresas (em especial as micro, pequenas e médias), que combata o desemprego que se irá agravar certamente de forma preocupante. Portugal precisa de viver e adoptar um espírito de solidariedade entre todos os cidadãos e de um esforço concertado rumo à prosperidade em vez de criar um clima de crispação social entre as várias facções politicas.

Portugal que necessita de combater o desemprego que afectará milhares de famílias, as suas condições de vida e sobrevivência, o seu equilíbrio mental, o consumo e consequentemente o crescimento, só será obtido com um sentido de solidariedade, esforço conjunto e união entre todos. Um pacto de regime entre cidadãos e políticos. Isso mesmo. Mas fundamentalmente entre políticos (se forem inteligentes). As empresas terão que obter pacotes de ajuda, creditícia, fiscal e/ou outras. Para não encerrarem. Para não provocarem mais desemprego (o verdadeiro flagelo de um país).

Portugal precisa de um plano de contingência. Agora que o plano de ajudas ao sistema financeiro está (pensa-se) quase concluído, é necessário promover e encorajar o investimento produtivo para crescer. Todos os projectos são importantes. Uns, sê-lo-ão mais do que outros uma vez que não dispomos de dinheiro para todos. Há que os fasear.

Temos que testemunhar de forma séria e honesta os estímulos que o governo tem dado no sentido de ajudar as empresas, ao mesmo tempo que ajudou os bancos. Uns concordarão outros não. Quem se lembra dos últimos pacotes atribuídos às empresas antes destes agora implementados? Quando? Por quem?

Este clima de crispação mantém-nos na cauda da Europa. Enquanto os outros trabalham em conjunto com um sentido de auto-ajuda, nós continuamos a dar tiros nos pés. Que estúpidos que somos.

Quando o país necessita do esforço conjunto de todos e de um rumo comum, na defesa dos cidadãos e do bem-estar comum nacional, continuamos a assistir a manifestações, umas individualistas outras corporativistas, recrudescidas num pensamento de egoísmo e sustentadas num interesse egoísta, venham elas de onde vierem. Este não é o tempo nem o modo para tal.

Onde estão os cidadãos? Onde está Portugal? Como está Portugal?




1 comentário:

Fernando Ribeiro disse...

Mas quando os eleitores pedem responsabilidades.