Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quarta-feira, dezembro 31, 2008

Feliz 2009


Caros visitantes e amigos, 2008 chegou então ao fim estando à espreita 2009. No dealbar de mais um ano, aqui estamos e estivemos, através das nossas armas: o pensamento, a critica, o debate, a reflexão, a caneta e a acção, o nosso contributo e o nosso esforço para a construção de um país melhor.

Por aqui discutimos ideias, apresentámos criticas, fizemos diagnósticos, debatemos e apresentámos recomendações e sugestões. Sugerimos livros e artigos para leitura, publicámos os nossos próprios artigos sobre temas económicos e sociais de relevância tornando do domínio publico algumas das nossas ideias.

Mas acima de tudo partilhámos dos conhecimentos, dos pensamentos e das ideias dos nossos membros e amigos fresianos, os quais tiveram a gentileza de os quererem partilhar connosco. É esta a essência do FRES. São estas ideias, pensamentos e conhecimentos que nos fazem evoluir e crescer como cidadãos conscientes e participativos.

Trabalhámos no tema central das Cidades como pólos de desenvolvimento social e económico no contexto local e regional, tema este que mereceu a nossa reflexão escrita, finalizado com um trabalho publicado nos meios de comunicação social e dirigido às autoridades que tutelam os assuntos do ambiente, cidades e ordenamento do território.

Mantivemos acesa a chama do grande tema educação, sempre alimentado com ocasionais contributos para o fecho final, o qual pretendemos ver finalmente encerrado em 2009.

Façamos votos para que 2009 nos traga a todos novas ideias, temas e reflexões, sugestões e opiniões para além da coragem e ousadia para as apresentar à sociedade. Porque a sociedade está carenciada de alguns valores e iniciativas. Que 2009 nos traga a todos também o bem, a saúde e a sorte.

“Se não intervirmos e desistirmos, falhámos”

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Querer mudar de vida


Não pode nem deve ser desvalorizada a situação vivida na Grécia com as manifestações de violência que têm ocorrido nas ruas da capital e do país.

Porque estas manifestações não representam apenas e só a rebeldia dos jovens estudantes gregos. Representam muito mais do que isto. E como tem sido dito e analisado pelos sociólogos, não se tratam de manifestações por parte das classes baixas e desfavorecidas do país. São antes provenientes da classe média e média alta, as quais vivem num clima de total desalento, total descrença, falta de perspectivas de vida, com salários em desvalorização, com o agravamento do custo de vida e aumento do desemprego. Parece que os gregos têm tendência para serem destemidos e agirem assim.

É relevante ouvir o que dizem os sociólogos gregos e os estudantes na rua, filhos de alguns dos grupos favorecidos da sociedade grega. Não esperam mudanças no ensino, nos programas ou nos professores. Querem antes mudar de vida. Mudar a sua vida.

Estes movimentos de instabilidade social, já antes precedidos por iguais manifestações de violência em França recentemente, estes sim provenientes das classes mais desfavorecidas, são um sinal. Mas um sinal negativo e preocupante do estado social de uma Europa em crise financeira, económica mas também social.

O risco, hoje, da sua repercussão a outros países é significativo. Porque as pessoas e as famílias se encontram em profundo desalento, pouco confiantes numa vida melhor no futuro próximo. É ouvir o que dizem os portugueses nos inquéritos realizados. Somos os menos confiantes na melhoria da nossa qualidade de vida. Os mais pessimistas.

Portugal será, talvez, o país da Europa onde é menor o risco de tais fenómenos virem a ocorrer. Somos até pacatos. Bom para nós. No entanto, nada nos garante que tal não venha a ocorrer também por cá. E 2009 está aí, sombrio, sisudo e pouco afável. Infelizmente espera-se por um agravamento do desemprego em face do encerramento, esperado, de muitas empresas. Esperemos que todos se enganem e que tal assim não seja. Mas neste cenário, agrava-se o estado social do país e aumenta o risco destes fenómenos degenerarem também por cá. Estejamos atentos. Esteja o governo atento. Por quem têm sido vários aqueles que defendem que temos que mudar de vida. Pelo menos melhorá-la.

A tarefa do país deverá ser hoje, acima de tudo, uma tarefa social. Portugal tem que fazer uma reflexão social e agir em conformidade. Isto passará pela implementação de politicas sociais de apoio aos mais pobres e desfavorecidos e de uma ajuda às empresas para que não encerrem a sua actividade. Exemplos: o estado no seu papel de cliente pagar a horas, exigir o IVA apenas após emissão do recibo, melhor enquadramento fiscal ao investimento. O problema depois é orçamental, mas se Bruxelas abre os “cordões à bolsa” para o apoio às medidas de recuperação económica, temos a bênção de Deus
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quarta-feira, dezembro 10, 2008

Requiem a esta crise que nos assola


Vítor Constâncio afirma que Portugal vai entrar em recessão. O 3º trimestre registou um crescimento negativo esperando-se que o 4º trimestre siga este rumo. Isto significa recessão técnica. Tudo devido à quebra no consumo, das exportações e do investimento. Fundamentalmente a quebra na procura externa provoca-nos este estrago. Diz-se que a recessão vai durar até 2010, ano em que a economia iniciará o processo de recuperação. Crescer 0,1%, ou 0,0% ou ainda –0,1% não será igual?

CRISE. A palavra mais utilizada hoje em dia na boca dos cidadãos portugueses. Ou não fosse o nacional pessimismo instalado o motor de (des)impulso do país. Fala-se de crise muito antes desta se instalar.

Não tenhamos dúvidas que 2009 será um ano muito difícil quando 2008 já o foi. Está assim a Europa e os EUA. Sobra o crescimento da China, Índia ou Brasil. Mas não estamos lá.

Portugal necessita por isso de estímulos, de palavras motivadoras que nos tirem deste marasmo. Iniciativas enérgicas, palavras de confiança e acima de tudo muito trabalho. É necessário o país implementar um plano de contingência nacional. E não seguir ou cair nas tentações da política e dos políticos. Quando o mundo ocidental está como está, quando os EUA estão como estão, fruto da crise financeira instalada, é pura demagogia acusar os actuais governantes, seja de que país for, catalogando-os como responsáveis pela crise. Todos o serão, políticos e cidadãos. Todos participámos no esquema, de uma ou de outra forma. Não dizem os economistas e outros académicos que a economia vive por ciclos de prosperidade versus recessão? Então como contrariar isto? Se não fosse o subprime seria um qualquer superprime.

Portugal necessita de um governo que apoie as empresas (em especial as micro, pequenas e médias), que combata o desemprego que se irá agravar certamente de forma preocupante. Portugal precisa de viver e adoptar um espírito de solidariedade entre todos os cidadãos e de um esforço concertado rumo à prosperidade em vez de criar um clima de crispação social entre as várias facções politicas.

Portugal que necessita de combater o desemprego que afectará milhares de famílias, as suas condições de vida e sobrevivência, o seu equilíbrio mental, o consumo e consequentemente o crescimento, só será obtido com um sentido de solidariedade, esforço conjunto e união entre todos. Um pacto de regime entre cidadãos e políticos. Isso mesmo. Mas fundamentalmente entre políticos (se forem inteligentes). As empresas terão que obter pacotes de ajuda, creditícia, fiscal e/ou outras. Para não encerrarem. Para não provocarem mais desemprego (o verdadeiro flagelo de um país).

Portugal precisa de um plano de contingência. Agora que o plano de ajudas ao sistema financeiro está (pensa-se) quase concluído, é necessário promover e encorajar o investimento produtivo para crescer. Todos os projectos são importantes. Uns, sê-lo-ão mais do que outros uma vez que não dispomos de dinheiro para todos. Há que os fasear.

Temos que testemunhar de forma séria e honesta os estímulos que o governo tem dado no sentido de ajudar as empresas, ao mesmo tempo que ajudou os bancos. Uns concordarão outros não. Quem se lembra dos últimos pacotes atribuídos às empresas antes destes agora implementados? Quando? Por quem?

Este clima de crispação mantém-nos na cauda da Europa. Enquanto os outros trabalham em conjunto com um sentido de auto-ajuda, nós continuamos a dar tiros nos pés. Que estúpidos que somos.

Quando o país necessita do esforço conjunto de todos e de um rumo comum, na defesa dos cidadãos e do bem-estar comum nacional, continuamos a assistir a manifestações, umas individualistas outras corporativistas, recrudescidas num pensamento de egoísmo e sustentadas num interesse egoísta, venham elas de onde vierem. Este não é o tempo nem o modo para tal.

Onde estão os cidadãos? Onde está Portugal? Como está Portugal?




domingo, dezembro 07, 2008

A importância de ser Cidadão


Não é, na maior parte das vezes, valorizado o papel e a importância de ser cidadão. Porque ser cidadão é algo que nos responsabiliza mas que é também para muitos abstracto. Porque o papel de cidadão é um papel de orientação, de controlo, de sinalização e de crítica ao que nos rodeia. Seja sobre a escola, a politica, a saúde, a educação, a segurança ou os códigos de conduta. Tudo afecta o cidadão. A tudo ao cidadão diz respeito.

E é por esta falta de sentido de cidadania e de responsabilidade cívica que o país está enfermo, deprimido e desatento ou desinteressado. Como nunca deixo de querer referenciar José Gil quando afirma que “Portugal é o país da não inscrição”.

Gostaria de recordar as palavras do ex-Presidente Jorge Sampaio há dias na RTP 2 quando entrevistado por Sérgio Figueiredo quando citou as palavras de um Presidente de um país estrangeiro que ao se lhe dirigir a propósito da importância do papel da figura de Presidente do país afirmava “Sr. Presidente, mais importante que o papel de Presidente é o papel de cidadão”. Este papel que Jorge Sampaio não se cansa de defender.

Ou não fosse o papel de cidadão essencial para tornar inaceitáveis e denunciar casos como a Casa Pia, o SIRESP, os casos da SLN ou do BPN, os relacionados com a operação furação ou os casos Felgueiras, Gondomar e outros que tantos.