Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quarta-feira, julho 30, 2008

Uma nova Revolução – Uma nova Era




A propósito do excelente documento de reflexão de Carlos Lacerda que nos foi enviado pelo nosso confrade José Alves, o qual daria para um longuíssimo serão de debate, gostaria de partilhar aqui alguns pensamentos entre os fresianos e os visitantes em geral. Em especial no tocante àqueles pontos que considero mais relevantes para uma primeira discussão.

Quanto ao Ponto 9 do referido documento onde se fala do Ressurgir da Rússia e Índia em virtude da sua evolução tecnológica, económica e social “a uma velocidade estonteante” devo dizer que a Rússia foi já no século passado uma potência importante (uma das duas potências lembram-se?) a qual se afunda depois da queda do muro de Berlim e após a manutenção de uma desastrosa política económica, centralista e obsoleta que levou ao descalabro da sua sociedade e tecido empresarial. A Rússia surge hoje dos escombros, refeita e mais enérgica do que antes como um poderoso interventor no quadro da globalização. E isto só pode ser bom.

Já no caso da Índia, que bom seria se a Europa dominasse o inglês, a matemática, a física ou as ciências da computação como os indianos. Que bom seria ver um país como Portugal a vencer os valores como a dedicação, a disciplina, o espírito de sacrifício e a vontade de aprender, de correr atrás do conhecimento. Ainda que seja um país do terceiro mundo onde se observam as maiores disparidades e uma pobreza desmesurada, começa a despontar uma nova Índia cujos intérpretes têm trazido ao mundo novos conhecimentos, inteligência e conhecimentos científicos.

Neste ponto, refiro que aquilo que já disse: As sociedades actuais revelam, em termos globais, uma grande capacidade de ajustamento e de integração de novas realidades. Terão certamente capacidade de se ajustar a um novo paradigma económico (sempre o fizeram antes) no qual teremos que passar a contar com estes novos parceiros.

Quanto ao Ponto 7 do referido texto no qual o autor fala de uma China ao assalto, temo que este termo seja absolutamente verdadeiro e assustador. Mas… porque revela este novo paradigma de que falo. Não será assustador pela ameaça que nos traz mas antes pelas oportunidades que provocará e na necessidade de termos de mudar todos os paradigmas até então adoptados.

Se as indústrias naval e automóvel chinesas são uma ameaça para o mundo ocidental, então o mundo ocidental terá que se virar e descobrir outros caminhos e contornar o problema. Não aconteceu o mesmo com os americanos com a ameaça japonesa no sector automóvel nos anos 80? Alguém se lembra do proteccionismo americano (e do medo) face ao Japão? No sector automóvel e nas novas tecnologias por exemplo? E alguém hoje se lembra disso?

Não acredito que a Europa não tenha capacidade de defesa em sectores como estas indústrias às quais se junta a têxtil. Terá sim mas através da adopção de outras estratégias mas eficientes e competitivas. A Europa necessita da China mas a China necessita igualmente da Europa. Como é que esta alimenta a fome consumista que tolhe uma classe média de mais de 300 milhões de habitantes?

A China trazer-nos á capitais, força de trabalho, muitos produtos, mas também território e oportunidades infindáveis no futuro. É tudo uma questão de (boa) negociação.

Além do mais acredito que, no caso hipotético de se confirmar o cenário apresentado pelo autor, os países não se exporiam a uma ameaça de desemprego colossal sem antes adoptar uma política proteccionista, de segregação da China ...se tivesse que ser... para não colocar os seus concidadãos na miséria e no desemprego. Estão a ver a Europa a aceitar isso? Alguém daria pela certa um pontapé à China para fora da OMC. Negociar-se-iam novas cláusula de salvaguarda. Além disso nem toda a gente gosta de carros chineses…

Some food for Thought…

domingo, julho 27, 2008

Grão a Grão enche a galinha o papo

Quase a entrar em Agosto, período em que a maioria dos trabalhadores portugueses entram de férias, aqui temos uma óptima notícia:
A empresa brasileira de aeronáutica Embraer, um dos maiores construtores mundiais de aviões, vai investir cerca de 400 milhões de euros em duas fábricas na cidade de Évora.
O investimento da empresa brasileira em Portugal está previsto num acordo Ogma/Embraer, e é um projecto considerado de interesse estratégico nacional, estando previsto incentivos do Estado português, tendo em conta a localização no interior do país.
As duas unidades fabris de componentes estruturais de aviões vão ser construídas na área do aeródromo da cidade alentejana.
O investimento prevê a criação de cerca de 500 postos de trabalho directos e mais de mil indirectos.
A brasileira Embraer é uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo, que já produziu cerca de cinco mil aviões, que operam em 76 países dos cinco continentes.
Quando apenas vemos o resultado final, ou seja, a notícia de que o projecto vai mesmo avançar, tendemos a esquecer o trabalho de base que está na origem do mesmo.
Com efeito para que se chegasse à apresentação deste acordo e deste projecto, muito trabalho de bastidor foi desenvolvido pelo governo português, tendo as negociações iniciado há mais de 2 anos.
Está pois o governo português de parabéns. São iniciativas como esta que ajudam a aumentar o Investimento Estrangeiro em Portugal.
A luta pela captação de investimentos estrangeiros é mais outra das lutas entre as economias mundiais.
Neste caso fomos nós que vencemos e, como diz o ditado, grão-a-grão enche a galinha o papo.

quinta-feira, julho 17, 2008

Rendimento menos Consumo = Poupança ?

Agora que muitos de nós já fomos ou estamos prestes a “ ir a banhos “ aqui fica uma leitura de 2 factos, para mim Contraditórios:

1º Facto - Os portugueses precisam de poupar mais para limitarem o défice externo português, alerta hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O alerta foi deixado pelos especialistas do FMI nas conclusões preliminares do relatório sobre Portugal, elaborado no âmbito do artigo IV e que hoje foram divulgadas.
"A acumulação de desequilíbrios externos não pode continuar indefinidamente", diz o FMI.
"Resolver este problema exige que todos os sectores da economia ajustem e poupem mais", acrescenta o Fundo.
Este alerta do FMI surge depois do Banco de Portugal ter anunciado terça-feira que espera que o défice externo português suba este ano para perto dos 11 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), o valor mais elevado em 26 anos.
Os especialistas do FMI deixam uma sugestão: o desenvolvimento de fundos de pensões privados, um segmento que está ainda "pouco desenvolvido" em Portugal.
2º Facto - Dívidas disparam
O total das dívidas dos portugueses ultrapassa os 129 por cento do rendimento disponível. Uma percentagem que não tem parado de crescer nos últimos três anos.
Não é preciso tirar um curso de economia para saber que a Poupança é a Diferença entre o Rendimento e o Consumo. Ora se as dívidas das famílias já correspondem a 129% do Rendimento disponível, onde irão elas “inventar” rendimento para poupar ?
Com o Governo e muitos analistas a desaconselhar novos aumentos salariais, tais poupanças só serão possíveis se os Portugueses abdicarem dos eventualmente bens supérfluos e também de bens essenciais que aliás já estão a fazer.
Muito se defendeu a subida da qualidade de vida por onde também passava a qualidade alimentar.
Com pouco mais onde poupar, voltamos a ter más alimentações, que podem representar um alívio no exíguo bolso dos portugueses mas que terão consequências nefastas na sua saúde a curto prazo.

domingo, julho 13, 2008

Proliferação de armas ilegais e insegurança

A semana que agora terminou trouxe de novo às primeiras páginas vários cenários de violência urbana.
A insegurança foi desde as praias, onde na praia da Torre em Oeiras se vêm repetindo com demasiada frequência, cenas de pancadaria entre gangs rivais, até à Quinta da Fonte no Concelho de Loures, onde assistimos a cenas dignas de um qualquer filme de cowboys americano, onde em pleno dia e na rua principal do referido bairro, demasiadas pessoas disparavam tiros, numa luta entre grupos rivais.
Comum a estes e a outros cenários, está a presença de um incrivelmente levado número de armas ilegais. Em Portugal, excluindo as forças armadas e as restantes forças de segurança, a maior parte das armas legais encontra-se na mão dos caçadores que desenvolvem nos períodos e locais estipulados por lei a sua actividade de caça.
No entanto e apesar de já se estarem a fazer esforços no sentido de diminuir e controlar o número de armas ilegais, ninguém sabe com rigor, quantas armas ilegais existem em Portugal e na posse de quem é que estão.
Ouve-se também dizer que não é muito difícil adquirir armas ilegais em Portugal, o que parece ser verdade a avaliar pela quantidade de armas que só nos confrontos da Quinta da Fonte foram utilizadas.
Vamos a meio do ano e já tivemos as notícias mais incríveis.
Foi o caso de Moscavide onde uma pessoa que foi assaltada e estava a ser agredida pelos seus assaltantes, decidiu, imagine-se lá porquê, refugiar-se na esquadra da polícia, acabando por ser perseguida até ao seu interior, tendo continuado a ser agredido e agora com a companhia do único policia que se encontrava na esquadra e que acabou também por ser agredido.
Foi o caso de 2 assassinatos no espaço de uma semana, um em Sacavém e outro no Centro Centro Comercial Oeiras Parque.
Foi ainda o mais recente caso também completamente inqualificável da agressão aos juízes em Santa Maria da Feira, tendo representado um ataque também ele inadmissível num Estado de Direito.
Estes são apenas alguns dos casos mais mediáticos e estão longe de representar todos os casos de violência que varrem o país de norte a sul. Nem as ilhas escapam, vendo por exemplo o caso da Madeira onde grupos de jovens entretêm-se a agredir pessoas só com o intuito de filmar as agressões e colocá-las na internet.
Disse num comentário recente que questões como a da segurança, acabam por ficar para segundo plano quando estamos perante questões graves de ordem económica. No entanto devo voltar um pouco atrás e admitir que devemos todos esperar que os nossos governantes façam mais pela segurança de todos nós inclusivé pela segurança dos próprios polícias.
Este fim-de-semana vimos uma grande presença do corpo de intervenção na Quinta da Fonte.
Parece que só uma força dessa natureza consegue desmotivar os grupos rivais.
Que dizer ou fazer então com outras centenas de ocorrência onde apenas 2 ou 3 ou 4 policias, sem qualquer outro tipo de apoio ou protecção, avançam para tentar controlar situações igualmente explosivas nesses e em tantos outros bairros problemáticos dos grandes centros urbanos ?
Precisamos mesmo de ver reforçadas as medidas no campo da segurança, para que todos possamos andar de dia e dormir de noite, mais descansados.

Sinais da crise internacional, os fluxos de Emigração e Africa

Não param de chegar à imprensa ecos da crise internacional. Descrevo aqui dois casos com forte ligação a Portugal e aos trabalhadores portugueses:
1. Reino Unido enfrenta «risco grave» de recessão
A economia do Reino Unido enfrenta um «risco grave» de entrar em recessão, adverte um relatório da BCC (British Chambers of Commerce) divulgado na imprensa britânica esta terça-feira.
O mais recente inquérito da confederação de câmaras de comércio sublinha que as empresas de serviços, sector que pesa três quartos do produto, detectaram sinais «alarmantes» de deterioração no segundo trimestre.
As perspectivas de deterioração da conjuntura são acentuadas pelo aumento dos custos de factores de produção na indústria e aperto nas condições de acesso ao crédito bancário.
De acordo com a BCC, 45% das empresas espera um decréscimo de encomendas superou. Este número supera, pela primeira desde 1990, o universo daquelas que projectam aumento de pedidos.
O relatório realizado com base em inquéritos a cerca de 5.000 companhias refere que, além do abrandamento da actividade, as dificuldades financeiras do próprio Tesouro britânico complicará ainda mais a vida das empresas, acentuando a falta de confiança das famílias e o consumo.
2. A economia espanhola, liderada por Zapatero, enfrenta riscos crescentes de recessão em paralelo com uma inflação ao ritmo mais elevado num quarto de século,
A inflação anual da Espanha aumentou para 5% em junho, seu mais alto patamar em uma década, puxada pela alta dos preços internacionais do petróleo.
Os preços ao consumidor subiram na Zona do Euro nos últimos meses, devido à alta dos preços do petróleo e dos alimentos. O efeito tem sido especialmente agudo na Espanha porque os alimentos têm um grande peso no índice de preços ao consumidor do país e porque a Espanha tem uma grande dependência das importações de petróleo.
Muitas vezes se diz que “com o mal dos outros podemos nós bem”.
Mas nem sempre assim acontece. A boa saúde das economias do Reino Unido e da Espanha muito interessa aos portugueses. A Espanha é um dos principais destinos das nossas exportações e ambos os países têm sido na última década, locais de acolhimento de dezenas milhares de portugueses que procuram nesses dois países o trabalho que não encontram em Portugal.
Com ambos países a ameaçarem seriamente entrar em recessão, poderemos assistir ao regresso forçado dessas dezenas de milhar de emigrantes que chegarão ao nosso país com partiram, ou seja, sem nenhuma perspectiva de poder exercer um dos direitos mais básicos de qualquer cidadão, o direito ao trabalho.
Com a dificuldade do Governo Português em promover uma criação líquida de emprego positiva, estas más notícias externas vêm em má altura. Tornam ainda mais difícil a nossa tarefa e a dos nossos Governantes.
Pode estar na hora de pensarmos em desenvolver uma estratégia forte, consistente, duradoura e global com Africa, um dos últimos possíveis refúgios para contrariar esta crise generalizada.
Com os países africanos de Língua Oficial Portuguesa pode e deve ser efectuado um trabalho a dois níveis: um primeiro nível de cooperação directa promovendo o seu desenvolvimento assente sempre que possível na exportação de nossos produtos e serviços. E um segundo nível, que seria a utilização desses países como plataformas de fomento de relações com os outros países africanos.
Dada a importância desta questão, espero voltar a ela em breve, aguardando entretanto que outros Fresianos, partilhem as suas opiniões e experiências sobre a viabilidade ou não deste caminho.

terça-feira, julho 08, 2008

O Estado da Nação


Diz recentemente a OCDE que no próximo ano existirão cerca de 3 milhões de novos desempregados entre os países membros. Que em Portugal a taxa de desemprego se manterá na casa dos 7,9% e que não se perspectivam melhorias neste campo. A dívida externa portuguesa terá já atingido os 100% do PIB.

Ao mesmo tempo surge a notícia de que só no primeiro semestre o nº de empresas que abriu falência duplicou face a igual período do ano anterior, tendo sido decretadas 50 mil falências de empresas só em 2008.

Tudo isto ao mesmo tempo em que se discute o TGV, Alcochete, as SCUT´s ou a terceira travessia sobre o Tejo. As obras em carteira, somando plataformas logísticas e novos Km de auto-estradas somam cerca de 50 mil milhões de € de investimento.

Aqui ao lado vemos uma Espanha a definhar em termos de crescimento económico, com um aumento do nível de desemprego, a crise imobiliária e a de falta de liquidez dos seus bancos. Dizem-nos que só crescendo mais do que a Espanha, nosso principal parceiro comercial, Portugal conseguirá ir-se aproximando da média do nível de vida e competitividade da UE.

Entretanto o mundo vai padecendo de algumas crises e enferma de doenças difíceis de curar: é a crise financeira nascida nos EUA através do crédito sub-prime, transformada em crise de liquidez acentuada uma vez que expôs inúmeros bancos por esse mundo fora; é a subida dos combustíveis alimentada por vários factores entre os quais o crescimento registado no consumo (China, Índia e Brasil) e alimentado pelas tensões no oriente médio; é a crise alimentar surgida com a subida o preço dos cereais e restantes commodities que encarecem de sobremaneira o custo de vida e a sustentabilidade alimentar de muitos povos (com o consequente impacto em muitas famílias portuguesas); é o crescimento do custo do crédito hipotecário (em especial à habitação) que coloca em muitas famílias uma espada sobre as suas cabeças; é a verdadeira inflação sentida nos preços dos bens alimentares, esta, creio, não se confinando aos números que nos são apresentados na casa dos 2,5 % mas muito acima disto.

Importa pois perceber e saber para onde queremos ir, como iremos, com que objectivos, qual a nossa missão, como sairemos e nos defendemos destes ataques cerrados que nos surgem de todo o lado. Importa sair deste atavismo lusitano, como ouvi recentemente no seio do maior Think Tank português (a rádio TSF), lutar por um país que vale a pena, ajudar a reconstruir, participar e intervir.

Portugal precisa de um rumo, de uma missão. Como nos queremos apresentar? Com que factores distintivos? É esta sociedade sustentável tal qual a estamos a conduzir? Como combateremos o afastamento que nos vai puxando para baixo? Queremos exigir mais dos políticos e do país? De que forma devemos actuar?

Estas são reflexões que mais do que nunca é obrigatório fazer. Sair do sofá. Participar e expressar posições, denunciar e não assobiar. Inscrevermo-nos, pois este tem sido o país da não inscrição.

Há que ajudar a procurar novos rumos e expressar como queremos ver o país na próxima geração, aquela que há-de ser a dos nossos filhos. Como diz o Presidente, não nos resignar-mos, nunca nos resignar-mos. Até porque parece tempos mais difíceis se aproximam.

Hoje a SEDES apresentará às 21h 30m no auditório da livraria Byblos o seu último documento sobre o Estado da Nação. Diz a SEDES que o governo, que desenvolveu nos últimos 3 anos “vários esforços de estabilização orçamental e várias reformas que exigiram coragem politica, começa agora a recuar, por exemplo com a recente descida de impostos e ao decretar o fim da crise orçamental” procura agora governar para as eleições.

A discussão politica está lançada, quem se mostrar interessado que participe ou acompanhe. Será interessante poder estar presente logo à noite.

Como em tempo de guerra não se limpam armas e como não temos munições para todas as armas, diria que é necessário recentrar a discussão à volta dos grandes investimentos públicos previstos. Ainda que parte dos fundos venham da Europa e do sector privado. Alcochete será sempre importante, estratégico para o desenvolvimento urbano e para o turismo. Portos, fundamentais. Leixões, Lisboa e Sines. Necessitamos de 3 grandes, funcionais e estratégicos Portos (atente-se à nossa posição geográfica).O comércio marítimo será cada vez mais importante. Excelente aposta na energia eólica e na hídrica (esta através dos investimentos programados em mini-hidricas e barragens de maior escala – a água será a preocupação que se segue muito em breve).

Quanto ao resto, aguardamos por novas munições para as armas que temos.

segunda-feira, julho 07, 2008

Aprendendo com os verdadeiros especialistas

No passado dia 18 de Maio, a nossa colega Cecília Santos escreveu aqui no blogdofres um brilhante artigo intitulado “As razões da fome”.

Volta este tema a ser notícia agora a propósito do início de mais uma reunião do G8, alargada a membros convidados
Do seguinte link retirei alguns dos seguintes parágrafos.
“ A alta dos preços dos alimentos ameaça inverter todos os avanços globais em termos de desenvolvimento e levar 100 milhões de pessoas em todo o mundo abaixo da linha de pobreza, advertiram hoje o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.
A declaração de ambos foi feita na ilha de Hokkaido, no Japão, onde decorre a cimeira anual do G8, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia.
Ambos haviam participado antes numa reunião com os líderes do G8 e oito chefes de Estado ou governo africanos.
Ban e Zoellick pediram aos países do G8 uma acção urgente para combater a actual crise e para prevenir futuras altas nos preços dos alimentos.
Segundo o secretário-geral da ONU, o mundo enfrenta três crises simultâneas e interligadas - dos alimentos, do clima e de desenvolvimento - para as quais são necessárias soluções integradas.
«Os nossos esforços até agora têm sido muito divididos e esporádicos. Agora é a hora de termos uma abordagem diferente», afirmou Ban.
«A ONU está pronta para ajudar com todos esses desafios globais», disse, acrescentando que «cada dólar investido hoje equivale a 10 amanhã ou a 100 no dia seguinte».

O presidente do Banco Mundial afirmou que a actual crise é uma oportunidade para que o mundo consiga alcançar um caminho de desenvolvimento a longo prazo, mas que para isso é necessário um comprometimento dos países ricos em mais investimentos.
Acrescentou que investimentos em projectos como irrigação podem ajudar a expandir as colheitas, principalmente em África, e ajudar a combater a escassez global de alimentos.
«Só 4,9% das terras aráveis de África são irrigadas, contra 40% no Sudeste Asiático», disse, salientando que os caminhos para possíveis soluções para os problemas actuais já são conhecidos, mas faltam mais recursos.”
Nota: Fim das frases retiradas do link acima indicado.
Sempre que há uma reunião ou cimeira importante, os participantes manifestam o desejo de que dela resultem mais do que declarações de intenções. Actualmente vivemos um problema vincado de falta de recursos. George Bush diz que a América já não está nos seus melhores momentos, indicando claramente que os mais países ricos e poderosos, já não são ( estão ) tão ricos e tão poderosos.

Que sorte terão então milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza ?
Eu não participo no G8, mas gostava de lhes dizer que aos pobres e aos que têm poucos recursos financeiros ou naturais, resta-lhes a astúcia.
“Quem não tem cão, caça com gato” diz o ditado
Pois bem nada melhor do que exemplos concretos.
Se o problema é escassez de água, porque não aprendemos com países como Israel e Omã ?
Julgo que há 2 anos atrás estiveram em Portugal, alguns peritos Israelitas em aproveitamentos hídricos. Estiveram em Bragança, uma região onde os agricultores se queixam de falta de água para regadio. Deixaram muitos conselhos mas ficaram surpresos ao verem que ao mesmo tempo que nos queixamos de faltas de faltas de recursos, administramos de forma bastante errada os recursos disponíveis, conduzindo inevitavelmente a grandes desperdícios.
Exemplos como este podem multiplicar-se por outras áreas. Se os problemas se tornam maiores e não há tempo a perder, aumentemos a nossa astúcia a combatê-los, sobretudo aprendendo com os verdadeiros especialistas.

sábado, julho 05, 2008

Actores e Espectadores

“Se os seus esforços forem vistos com indiferença, não desanime. Todos os dias o Sol dá a cada raiar do dia, um espectáculo especial, mas a plateia continua dormindo.” Anónimo.

Destruir ou nada fazer sempre foi mais fácil que construir. Qualquer projecto de carácter desportivo, cultural, social ou económico, encontra tantos obstáculos que é natural os seus promotores sentirem algum desânimo.
No entanto, o que distingue os projectos vencedores é a forte convicção dos seus criadores nas ideias e nos projectos que estão a desenvolver. Esses são os alicerces para que se mantenham de pé, enfrentando toda a espécie de contrariedades.
Isto torna-se tanto mais verdade quanto maior é a indiferença dos destinatários ou beneficiários dos projectos que se estão a promover.
Sente-se hoje na sociedade portuguesa uma apatia e uma indiferença quase confrangedoras pois envolvem quase todos os sectores da vida dos cidadãos. Estas características evoluem em proporção directa a um crescente isolamento e individualismo das pessoas que, incapazes de lutarem por si e pelo mundo que as rodeia, resolveram lutar apenas por si próprias.
Também a nossa democracia, embora jovem e segura, torna-se vítima da crescente indiferença dos eleitores em geral, e dos jovens em particular.
A Assembleia da República aprovou esta semana, na generalidade, e por unanimidade, uma alteração à lei que torna automático o recenseamento eleitoral.
Esta alteração à lei vai permitir incluir nos cadernos eleitorais mais de 300 mil jovens dos 18 aos 24 anos que não estão recenseados.
O recenseamento eleitoral em Portugal é obrigatório, a partir dos 18 anos havendo porém, jovens que não fazem a sua inscrição.
José Magalhães sublinhou que a lei permitirá «incluir nos cadernos eleitorais mais de 300.600 jovens entre os 18 e os 24 anos que figurando na base de dados de identificação civil, não estão hoje recenseados».
A proposta, aprovada a 05 de Junho em Conselho de Ministros, evita que os cidadãos se desloquem às juntas de freguesia para fazer o recenseamento, está integrada no programa SIMPLEX, e será desenvolvida a partir da base de dados do Cartão do Cidadão.
A lei visa também garantir, através de um Sistema de Informação e Gestão do Recenseamento Eleitoral (SIGRE), «mecanismos de actualização permanente» para que o recenseamento «corresponda tendencialmente ao universo eleitoral».
Aprovando uma Lei, o Parlamento consegue vencer a indiferença dos jovens e à margem da sua iniciativa, promove o seu recenseamento.
No entanto, será que esses jovens, que nem iniciativa e interesse tiveram em se recensearem, irão, pelo simples facto de estarem automaticamente inscritos, participar nos actos eleitorais onde se define o presente e futuro do nosso país ?
Permitam-me duvidar. Os nossos actores principais ( os nossos políticos ) têm um longo caminho a percorrer se quiserem mobilizar esses jovens indiferentes e também todos aqueles que deixaram de acreditar neles e nos partidos em que se integram, abdicando do seu maior poder numa democracia, o poder de votar.
Cada vez há mais espectadores passivos, indiferentes e comodistas. Talvez se um dia for possível votarmos via telemóvel, enviando confortavelmente um sms sentado nos nossos sofás, ou bebendo um refresco numa esplanada, tenhamos uma maior participação dos cidadãos nas decisões que influenciam a vida de todos.
Enquanto esse avanço tecnológico não é viável, resta-nos desejar aos actores que aumentem a qualidade das suas performances, com esperança que possam cativar os indiferentes espectadores.

quarta-feira, julho 02, 2008

Sabor, Doce ou Amargo ?

O Primeiro-Ministro José Sócrates esteve no início da semana no Distrito de Bragança onde foram assinaladas as evoluções no projecto da construção da Barragem do Baixo Sabor.
Envolto há mais de dez anos em sucessivas polémicas, talvez seja desta que o projecto “vai para a frente”.
Embora já um pouco antigo aqui deixo um link onde dados sobre a construção desta barragem podem ser observados
http://www.edp.pt/EDPI/Internet/PT/Group/Media/EDPNews/2007/Baixo_Sabor.htm
Se é um facto que as Associações de Defesa do Ambiente muito têm feito em defesa do equilíbrio ambiental em Portugal, também não é menos verdade que as suas posições nem sempre se revelaram as mais equilibradas, tendo os ambientalistas efectuado despropositados bloqueios ao progresso e sustentabilidade económica e social.
Fica sempre a dúvida de saber quando é que têm razão e quando é que estão ( segundo já diversas vezes foram apelidados ) a ser “fundamentalistas”.
A barragem do baixo sabor vai continuar a ser palco da “batalha” entre Governo e Ambientalistas.
Numa altura em que se acentua a crise energética, até que ponto se torna legítimo bloquear projectos com a dimensão importância regional e nacional que tem a Barragem do Baixo Sabor ?
Gostaria de ouvir e sentir a vossa sensibilidade para esta questão em particular e para o papel em geral das Associações Ambientalistas. Estarão elas a desempenhar bem o seu papel? Ou estarão a ser um despropositado entrave ao avanço da generalidade dos projectos energéticos ou turísticos que muitas vantagens trariam a Portugal em termos de receitas e criação de emprego ?