Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, junho 01, 2008

2 passos atrás, 1 passo à frente

A semana passada terminou com 2 pequenas mas talvez importantes descidas.

A Galp após sucessivos e aparentemente imparáveis aumentos dos preços dos combustíveis, baixou o preço da gasolina e do gasóleo em 1 Cêntimo.

Descida ridícula dirão muitos. Não concordo.

No seio do FRES em debate interno o colega João Santos trouxe ao nosso conhecimento o estudo do economista Eugénio Rosa que dá conta da forma como os preços dos combustíveis são formados em Portugal. Nesse estudo mostra-se que não são tidos em conta os custos efectivos de produção acrescidos de uma margem de lucro, mas sim a média dos preços especulativos dos produtos refinados registados nos mercados internacionais na semana anterior.

Segundo esse estudo estes aumentos traduziram-se “apenas” num valor de lucros extraordinários de 69 Milhões de Euros registados nas contas da Galp e referentes ao primeiro trimestre de 2008.

Perante este cenário o ideal seria que os preços de venda de combustível tivessem outra forma de cálculo. Tomei aqui como exemplo a Galp, mas o raciocínio é extensivo às outras Petrolíferas. Sobre este assunto, tem a palavra o Governo.

Entretanto para todos nós consumidores que directa e indirectamente sofremos as consequências do aumento dos preços dos combustíveis, uma redução de 1 Cêntimo pode ser um bom sinal, pois pode ser que a subida imparável dos preços possa ter um fim.

Também na passada sexta-feira, o Parlamento aprovou a baixa do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) de 21 para 20 por cento. Outra descida ridícula poderão novamente afirmar. Permitam-me que volte a discordar. O crescimento da economia Portuguesa tem sido fortemente condicionado pela necessidade (obsessão?) dos governos em controlar o deficit. Se a subida de 2 pontos percentuais de 19 para 21 % significava que as contas públicas estavam muito mal e haveria que fazer esse sacrifício adicional sobrecarregando este imposto sobre o consumo, pelo mesma lógica de raciocínio a descida de 1% pode agora significar que as contas públicas estão melhores havendo uma “folga”, mínima é certo, mas ainda assim uma folga, suficiente para que um imposto tão importante em termos de receitas do estado possa ter uma descida.

Estes 2 casos que trouxe à vossa leitura e contestação representaram no passado 2 passos atrás, mas talvez possam ser agora um sinal de alguma esperança, podendo significar 1 passo à frente.

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro Octávio,

Totalmente de acordo com a reflexão apresentada, mas...

Do exposto conclui-se que o "legislador" é menos rigoroso que o "gestor" das instituições que referes!

Afinal quem é que está a proceder mal? E porquê? Quem deve ser responsabilizado?

Nuno Maia

Anónimo disse...

O comentário acima destina-se a outro documento, neste contexto, solito que o esqueçam!

Nuno Maia

Mário de Jesus disse...

Caro Otávio

Uma correcção: os preços são baseados nos produtos refinados considerados no mercado livre (em especulação por hipotese)mas referentes a 2 ou 3 meses atrás e não da semana anterior.

Quanto aos passos em frente (expressos pela redução dos preços dos combustíveis)estou dado a concordar contigo pois primeiro é importante estancar o crescimento para depois fixar em baixa os preços. Nunca é possivel reduzir estes de forma muito substancial. E grão a grão...