Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sexta-feira, abril 25, 2008

Problemas complicados Soluções Simples

O texto que se segue é integralmente transcrito do seguinte link.

http://familia.aaldeia.net/nodoafecto.htm

Pela sua importância, aqui fica um bom exemplo de como podemos enfrentar problemas complicados com soluções simples.

O nó do afecto

Numa reunião de pais, numa escola da periferia, a directora salientava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-lhes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível.
Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhasse fora, deveriam achar um pouco de tempo para se dedicar a entender as crianças.
Mas a directora ficou muito surpreendida quando um pai se levantou a explicou, com o seu jeito humilde, que não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo durante a semana.
Quando ele saía para trabalhar, era muito cedo e o filho ainda estava a dormir. Quando voltava do serviço, era muito tarde e o garoto já não estava acordado.
Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família. Mas contou, também, que não ter tempo para o filho o deixava angustiado, e que tentava redimir-se indo beijá-lo todas as noites quando chegava a casa.
E, para que o filho soubesse da sua presença, dava um nó na ponta do lençol que o cobria.
Isso acontecia, religiosamente, todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.
A directora ficou emocionada com aquela história singela e emocionante. E ficou surpreendida quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.
O facto faz-nos reflectir sobre as muitas maneiras de um pai ou uma mãe se fazerem presentes, de se comunicarem com o filho.
Aquele pai encontrou a sua: simples, mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afectivo, o que o pai lhe estava dizendo.
Por vezes, importamo-nos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento. Simples gestos, como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho, muito mais que presentes ou desculpas vazias.
É válido que nos preocupemos com nossos filhos, mas é importante que eles saibam, que eles sintam isso. Para que haja a comunicação, é preciso que os filhos "ouçam" a linguagem do nosso coração, pois em matéria de afecto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.
É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afecto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o ciúme do bebé que roubou o colo, o medo do escuro. A criança pode não entender o significado de muitas palavras, mas sabe registar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó. Um nó cheio de afecto e carinho.
E você... já deu algum nó no lençol de seu filho, hoje?

2 comentários:

Otavio Rebelo disse...

Parabéns pela pertinência, actualidade e importância do tema. Reflectindo o FRES sobre muitas das consequências sociais de atitudes certas ou erradas, é bastante interessante a abordagem que o texto indica, pois ela relata também os motivos de muitos dos nossos desleixos. A velocidade vertiginosa a que vivemos leva-nos a ter sempre desculpa para não fazermos até as coisas mais simples. Aqui temos uma vez mais a divisão clássica entre os muitos conformistas que aceitam com naturalizade e resignação qualquer contrariedade e, por outro lado, os inconformados que lutam sempre por fazer a diferença com pequenos grandes gestos.

Mário de Jesus disse...

Olá Paula

Confesso que fiquei surpreendido com o texto e emocionado. É extraordináriamente esclarecedor e substitui mais de mil palavras que possamos dizer sobre a educação e os afectos. Trata-se de um exemplo claro da importância da relação pais-filhos e ao mesmo tempo um alerta pedagógico revelador da complexidade/simplicidade do que é ou pode ser a educação de uma criança.

Gostei imenso.