Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

terça-feira, outubro 24, 2006

Coragem para conversar

Para Jack Straw (ex-Ministro dos Negócios estrangeiros do governo de Tony Blair) - A conversação franca e aberta entre diferentes opiniões é a base de uma sociedade livre e civilizada.

Para João Carlos Espada (investigador, doutorado e Professor universitário em Oxford, Inglaterra) - A arte da conversação foi considerada por Oakeshott, o grande filósofo conservador inglês do século XX, como distintiva de uma sociedade livre. Karl Popper colocou-a no centro da tradição ocidental de sociedade aberta - fazendo remontar a arte da conversação à Atenas comercial e marítima de Sócrates.

Diz ainda João Carlos Espada que Edmund Burke, Adam Smith, David Hume e Jonhson, consideravam a conversação como alicerce de uma sociedade civilizada. Os clubes de Londres nasceram como lugares de conversação - um distintivo da "gentlemanship". O chanceler da Universidade de Oxford, Lord Jenkins, afirmava aos seus discípulos " conversem, conversem sempre; é basicamente isso que se faz nesta universidade há oitocentos anos".

Diz Maria de Fátima Bonifácio, investigadora do I.C.S. na revista “Atlântico” de Setembro de 2006, referindo-se ao Professor Adérito Sedas Nunes, fundador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa – “ Quinzenalmente durante anos funcionou um seminário de sociologia dirigido por Sedas Nunes, aberto a quem quisesse participar e onde os investigadores podiam apresentar livre e informalmente os seus “papers”. Os temas e os domínios disciplinares eram os mais variados. Falava quem tinha que dizer e quem ficava calado ouvia e aprendia. Dependendo do temperamento de cada um, as críticas eram por vezes muito duras e contundentes, possivelmente difíceis de suportar por alguma natureza mais susceptível. Não era raro que as vozes se elevassem no calor da discussão. Ao fim da tarde, separávamo-nos amigos como dantes. O autor do “paper” discutido ia para casa com uma série de objecções em que pensar e certo, portanto, de que a versão final do seu artigo (ou capítulo, ou livro) seria bem melhor do que se não tivesse ouvido as críticas e as perguntas dos colegas.
Haja a coragem para conversar...

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