Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, outubro 29, 2006

Educação e Formação no mercado de trabalho global-Mudança de paradigma

Na sexta-feira passada dia 27 de Outubro decorreu no hotel Embaixador em Lisboa um encontro do FRES onde se abordou a temática dos sistemas de educação e em que três membros da direcção do FRES expuseram ao público assistente três case studies de sistemas de educação: 2 europeus Alemanha e Islândia e um não europeu que foi o caso da India.
As pessoas podem perguntar ? porque é que estes oradores vêm falar de outros sistemas de educação e não do português que é o que interessa resolver? interessante questão....Contudo, o que é que temos hoje? um Portugal numa europa alargada a 25 estados-membros e a partir de Janeiro de 2007 a 27 Estados (Bulgária e Roménia) e talvez num futuro a 28 com a adesão da Turquia.

E este cenário coloca-se as gerações presentes e vindouras de Portugal: Como melhorar o nosso sistema de educação e formação num mercado de trabalho a escala global? Qualquer jovem saido do liceu ou da Universidade no minimo ( integrado no Sistema de Bolonha) vai ter que concorrer a partir de 2007 no mercado de trabalho com jovens de 27 países se cingir geograficamente apenas a União Europeia. Mas se quer entrar no mercado global tem que ter em conta países como: China, India, Singapura, Malásia, Rússia, Ucrânia, Turquia,Estados Unidos e Brasil forte emissores de mão de obra qualificada para serem trabalhadores globais.

Numa interessante obra dos cientista politicos alemães Hans Peter Martin e Harald Shumann
"A armadilha da globalização" os autores citam uma quadro dirigente da Sun Microsytems que numa conferência realizada em São Francisco consagrada ao tema: "Tecnologia e trabalho na economia global" afirmou o seguinte: " Na nossa empresa, cada um pode trabalhar quanto queira" e também não precisamos de visto para o pessoal estrangeiro. Segundo ele, os governos e as regras por estes impostas ao mundo do trabalho perderam todo o significado. Por agora são de preferência "bons cérebros da india" que trabalham quanto podem. A empresa diz esse quadro, recebe por computador eloquentes candidaturas do mundo inteiro. "Contratamos os nossos empregados por computador, eles trabalham por computador e são despedidos por computador". A mundialização da economia, as altas tecnologias de comunicação, o baixo custo dos transportes e a globalização do comércio mundial tranformaram o mundo num mercado único o que conduz a uma concorrência global no mercado de trabalho.

A maioria das empresas europeias estão a criar postos de trabalho nos mercados onde se estão a internacionalizar e não nos mercados de origem nacional. Por exemplo na alemanha os empresários dizem que os alemães trabalham muito pouco, têm rendimentos demasiado elevados, tiram férias demasiado longas e gozam demasiadas baixas por doença e os empresários quando tomam decisões de investimento olham para o leste da europa e para a Ásia onde a ética no trabalho tem valores diferentes dos europeus e os custos sociais são mais baixos.

Este é um exemplo de um cenário que Portugal deve estar atento, pois, se não melhorarmos os nossos sistemas de educação e formação as nossas gerações futuras não serão competitivas no mercado de trabalho global.

As empresas globais procuram novo tipo de trabalhadores: os chamado knowledge workers que como dizia Peter Drucker " A sociedade do saber é uma sociedade de grandes organizações - Governos e Empresas - que funcionam necessariamente com o fluxo de informação" As oprtunidades de carreira citando ainda o autor " requerem cada vez mais um diploma universitário, pois, o centro de gravidade deslocou-se para o trabalhador do conhecimento, no entanto, nenhuma instituição educativa - nem mesmo as escolas superiores de gestão - tenta equipar os alunos com as competências elementares que lhe permitiriam tornar-se membros efectivos de uma organização: a capacidade de apresentar ideias oralmente e por escrito; a capacidade de trabalhar com outras pessoas; a capacidade de moldar e orientar o trabalho pessoal, a sua contribuição e a sua carreira. A pessoa educada deveria ser o novo arquétipo da sociedade pós-empresarial.

Portugal e os trabalhadores portugueses para serem competitivos no mercado global deverão ter sistemas de educação e formação tendo em conta modelos de economias do conhecimento e não modelos de economias de mão de obra intensiva como foi implementado no passado. Se não mudarmos este paradigma estamos a comprometer as gerações presentes e futuras.

Devemos preparar as pessoas para a possibilidade de abraçarem carreiras globais e para isso as escolas devem proporcionar programas de educação e comprensão global de outras culturas e modos de viver. A chamada educação para a tolerância e global awareness.

Segundo especialistas em RH internacionais os futuros trabalhadores globais devem ter o seguinte perfil: " A estamina de um corredor olimpico, a agilidade mental de um Einstein; os skills de comunicação de um professor de linguas, a capaciade de discernimento de um juiz, o tacto de um diplomata e a preserverança de um construtor egipcio de pirâmides". E se esses trabalhadores globais vão medir as exigências de viver num país estrangeiro, deverão ter uma sensibilidade a cultural local, o julgamento moral não deverá ser muito rigido e deverão fundir-se com o ambiente local e não mostrarem sinais de preconceito".

Ao preparamos a nossa sociedade para este novo tipo de realidades no mundo laboral estamos a preparar jovens competentes e abertos ao mundo. Portugal sempre cresceu quando foi aberto ao Mundo. Vejamos a era dos descobrimentos. As novas elites que se formarem nos bancos das escolas devererão ser formadas nos principios da compreensão do : Nós e os Outros de forma a quando se depararem com situações de dificuldades não afirmarem: " o Inferno são os outros" mas somos nós próprios (Portugueses no geral: Estado, Sociedade e Empresas) que não melhoramos os nossos sistemas de educação e formação usando modelos antigos em situações novas (nova realidade internacional).

sexta-feira, outubro 27, 2006

6º Encontro FRES

Estimados Fresianos e distintos visitantes

O FRES informa que irá realizar hoje a partir das 19 Horas no Hotel Embaixador em Lisboa, o seu 6º encontro geral. Em ambiente de tertúlia, entre outros temas serão abordados alguns dados e análises sobre o sistema de ensino de alguns países europeus e asiáticos.

Daremos posteriormente notícias sobre esta sessão de trabalho.

Saudações Fresianas

terça-feira, outubro 24, 2006

Coragem para conversar

Para Jack Straw (ex-Ministro dos Negócios estrangeiros do governo de Tony Blair) - A conversação franca e aberta entre diferentes opiniões é a base de uma sociedade livre e civilizada.

Para João Carlos Espada (investigador, doutorado e Professor universitário em Oxford, Inglaterra) - A arte da conversação foi considerada por Oakeshott, o grande filósofo conservador inglês do século XX, como distintiva de uma sociedade livre. Karl Popper colocou-a no centro da tradição ocidental de sociedade aberta - fazendo remontar a arte da conversação à Atenas comercial e marítima de Sócrates.

Diz ainda João Carlos Espada que Edmund Burke, Adam Smith, David Hume e Jonhson, consideravam a conversação como alicerce de uma sociedade civilizada. Os clubes de Londres nasceram como lugares de conversação - um distintivo da "gentlemanship". O chanceler da Universidade de Oxford, Lord Jenkins, afirmava aos seus discípulos " conversem, conversem sempre; é basicamente isso que se faz nesta universidade há oitocentos anos".

Diz Maria de Fátima Bonifácio, investigadora do I.C.S. na revista “Atlântico” de Setembro de 2006, referindo-se ao Professor Adérito Sedas Nunes, fundador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa – “ Quinzenalmente durante anos funcionou um seminário de sociologia dirigido por Sedas Nunes, aberto a quem quisesse participar e onde os investigadores podiam apresentar livre e informalmente os seus “papers”. Os temas e os domínios disciplinares eram os mais variados. Falava quem tinha que dizer e quem ficava calado ouvia e aprendia. Dependendo do temperamento de cada um, as críticas eram por vezes muito duras e contundentes, possivelmente difíceis de suportar por alguma natureza mais susceptível. Não era raro que as vozes se elevassem no calor da discussão. Ao fim da tarde, separávamo-nos amigos como dantes. O autor do “paper” discutido ia para casa com uma série de objecções em que pensar e certo, portanto, de que a versão final do seu artigo (ou capítulo, ou livro) seria bem melhor do que se não tivesse ouvido as críticas e as perguntas dos colegas.
Haja a coragem para conversar...

terça-feira, outubro 17, 2006

Atitude.......

O Presidente da Républica Portuguesa, o Professor Cavaco Silva afirmou há dias ,no início do seu terceiro Roteiro para a Inclusão, de que é Sua intenção resolver problemas, e não …..criá-los.
Escusando-se a "falar sobre o passado", o Presidente realçou bem a sua intenção de "mostrar os bons exemplos" do que já se faz bem para que estes "possam frutificar".
A mensagem fundamental que eu retiro é a de que; mais que palavras o que o nosso país necessita neste momento é de acção , mais do que boas ideias precisamos de as implementar, mais do que apontar aquilo que está mal necessitamos de propor soluções e publicitar os casos de sucesso como exemplos a seguir.
No caso das empresas temos várias fundadas, desenvolvidas e lideradas por empreendedores portugueses,
com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses: Efacec, Fepsa, Ydreams, GALP, SIBS, BPI, BCP, BES, CGD, Sonae, Brisa, Bial, Grupo Amorim,……mas também algumas grandes empresas multinacionais instaladas no nosso País, mas lideradas por portugueses, com técnicos portugueses, que, ano após ano obtêm grande sucesso como ; a Siemens , Bosch, Alcatel, BP, Nobre apenas para referir algumas.
Na verdade as pessoas que estão por detrás destas organizações tiveram o mérito de agir em vez de “reagir”, actuar em vez de esperar, liderar em vez de gerir denotando uma atitude empreendedora positiva que eu gostaria de ver vivida como lema principal no universo das empresas em Portugal, na sociedade civil em geral e nas organizações governamentais em particular.
È um pouco como a velha questão filosófica de que, para uns o copo está “meio vazio” enquanto que para outros ele está “meio cheio”. Não será preferível responder a esta pergunta da seguinte forma ? Se quisermos mais água…. é só voltar a encher

sábado, outubro 14, 2006

Nobel da Paz para Muhammad Yunus e Grameen Bank



"Todo e cada indivíduo no mundo tem o potencial e o direito de viver uma vida decente. Em várias culturas e civilizações, Yunus e o Banco Grameen têm demonstrado que mesmo os mais pobres dos pobres podem trabalhar para o seu desenvolvimento", afirmou a Comissão Nobel, ao justificar a decisão "

Nobel da Paz para Muhammad Yunus e Grameen Bank


Alguém pode lutar pela paz sem primeiro combater a pobreza?



quinta-feira, outubro 12, 2006

PPPs imperfeitas

Desde o final da década de noventa que muito se tem falado sobre Parcerias Público Privadas, vulgarmente designadas de PPP, e da sua aplicabilidade nos mais diversos sectores de actividade. Quase sempre eram referidas como a solução perfeita e quase milagrosa para todas as ineficiências que subsistiam em alguns sectores de actividade que os governos tinham relutância em ver sair da sua esfera de controlo.

Se as constatações anteriores fossem o título de uma tese, poderíamos afirmar que esta teria ficado provada para todas as economias da Europa Ocidental. Como sempre, não há regra sem excepção, pelo que Portugal está a fazer o favor de confirmar esta regra. Resta saber a razão de tal escolha. Os mais pessimistas dirão que alguém teria de o fazer. Outros pensarão que não foi uma escolha voluntária. Como não acredito em fatalismos, estou de acordo com a segunda ordem de razões.

Como tal penso ser importante perceber o que correu mal até agora na implementação de PPPs em Portugal. Para começar parece-me importante que se explique de forma clara em que consiste uma PPP: trata-se de um contrato estabelecido entre uma entidade pública e outra do sector privado, em que a entidade privada se compromete a desempenhar uma determinada actividade, de acordo com critérios estabelecidos. Nada mais simples. Existe um largo espectro de possibilidades em aberto para este tipo de parcerias, desde simples contratos de manutenção de edifícios, passando pela construção de infra-estruturas, bem como a operação e gestão de serviços públicos tais como hospitais, prisões, e escolas. As PPP têm evoluído para contratos de maior duração, por forma a criar compromissos de longo prazo de ambas as partes e são hoje em dia constituídas por combinações das tarefas descritas anteriormente, tais como concepção, construção, financiamento e operação (Design, Build, Finance and Operate, ou DBFO), incluir igualmente a manutenção (DBFOM), contratos de concessão, etc.

As razões pelas quais um estado tem interesse em criar PPPs são idênticas às razões que nos levam a contratar um sapateiro quando precisamos de arranjar os nossos sapatos. Certamente que para a maior parte de nós, as meias solas colocadas pelo sapateiro resultam num trabalho de melhor qualidade, por um preço menor do que se tivéssemos que comprar a cola e demais utensílios, demorando igualmente menos tempo do que se tivéssemos que aprender o oficio. Maior eficácia, eficiência e produtividade, por um preço mais baixo são razões suficientes para justificar a nossa escolha pelo sapateiro. Melhor ainda seria se pudéssemos pagar em suaves prestações.

Como tal, a criação de uma PPP resulta na obtenção de um negócio mais vantajoso para os contribuintes, ao garantir a prestação de um serviço de maior qualidade por um preço mais baixo. Tem igualmente a vantagem de o valor de investimento necessário, que naturalmente é substancial no caso da edificação de infra-estruturas não sobrecarregar em demasia o erário público, sendo o seu custo diluído pela duração do contrato.

Sendo assim, o que está a falhar na implementação das PPP em Portugal? A resposta é simples: a definição do contrato de parceria assume crucial importância para o sucesso das PPPs. As responsabilidades de ambas as partes bem como o papel a desempenhar pelo sector público e privado deverão ficar claramente definidos nesta fase. A chave para o sucesso e a fonte da eficiência das PPP é a correcta divisão de tarefas, sendo cada parte responsável pelas actividades que desempenha de forma mais eficiente, assumindo e gerindo os riscos que melhor conhece e sabe controlar. O facto de as PPP permitirem a realização de investimentos consideráveis sem o correspondente impacto no défice orçamental, parece ser o critério que tem estado na base das decisões de implementação de PPPs em Portugal, de que o caso das SCUTs é um exemplo bem ilustrativo. A resolução deste problema está longe de ser difícil ou complicada: basta que a prioridade na implementação das PPPs passe a ser a transferência de risco do sector público para o sector privado.


Ricardo Pedrosa

quarta-feira, outubro 11, 2006

Portugal aposta no conhecimento e inovação

Portugal aposta e investe na ciência. Para o próximo ano o orçamento para a ciência e tecnologia irá crescer, segundo o 1º ministro, 64%. Hoje foi um dia importante no caminho a trilhar para o conhecimento. O país assinou um acordo de parceria com o prestigiado MIT (Massachusetts Institute of Technology) subscrito por 7 Universidades portuguesas e cerca de 26 Institutos para além de algumas empresas nacionais. Trata-se de um acordo histórico realizado no Centro Cultural de Belém, que se destina a criar conhecimento, apostar na tecnologia e inovação, a fazer crescer e desenvolver o capital humano nacional. Numa área onde tem existido grande escassez: formação e conhecimento.

Este acordo está direccionado para a cooperação científica nas áreas da engenharia e gestão. Acto único em Portugal. O acordo propõe entre várias coisas aumentar o nº de doutoramentos concluídos em Portugal, a participação e ligação das empresas às universidades para realizar uma das etapas mais relevantes no campo da inovação e desenvolvimento: a investigação, desenvolvimento e criação de valor. Permitirá a exportação de conhecimento e a criação de uma imagem de marca de qualidade da ciência e tecnologia nacionais no quadro da globalização. Várias empresas se ofereceram para este acordo, no sentido de participarem neste movimento do conhecimento. Trata-se de um investimento de cerca de 141 milhões de euros para os próximos 5 anos, dos quais cerca de 32,5 milhões de euros se destinam exclusivamente ao MIT. Várias colaborações e parcerias serão criadas com a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, com o Instituto Superior Técnico, com a Universidade Católica ou com o Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa. O que se pretende é, entre outras coisas, colocar uma escola de Gestão entre as 100 melhores do mundo.

Este é o tipo de apostas de que o país precisa de forma a estar colocado no caminho do conhecimento internacional e global. Fartos de notícias negativas é tempo de aplaudirmos estas iniciativas positivas de grande relevância nacional e internacional. Projecto apadrinhado pelo Presidente da Republica, ele próprio economista, prova-se aqui que é tempo de ultrapassar interesses confinados a circulos político-partidários, particulares ou corporativistas e remar e rumar no mesmo sentido. Apoiar o país no desenvolvimento e caminhar no sentido do conhecimento.

Os Idosos em Portugal - Que esperança senão continuar a pagar

Li hoje na imprensa que o sistema retributivo de pensões da segurança social vai sofrer alterações e que estas vão ser penalizadoras para os reformados em idade avançada e com recursos financeiros limitados.

Sinceramente, eu sou um leigo neste campo da segurança social e gostaria que me explicassem o seguinte: Porque é que em Portugal os idosos nasceram pobres, educaram os filhos com muitas dificuldades e vão morrer pobres? E agora no final da vida ainda vão ser mais afectados na estrutura familiar (marido e mulher) através de mais contribuições e restrição de direitos adquiridos.

Em Portugal ser idoso é sempre pejurativo e visto como algo de negativo quer na vida quotidiana quer na vida laboral. Já estás velho para isto.........a empresa quer um jovem dinâmico e de elevado potencial..........são frases tipicas e correntes no discurso do cidadão comum. No Japão quanto mais velho se é mais se respeitado é (senioridade + sabedoria).
Eu sei que a economia portuguesa está a atravessar imensas dificuldades, principalmente o nosso Estado de Previdência que está em falência.

Mas digam-me em Portugal alguma vez existiu Welfare State que abrangeu todas as classes sociais? O Welfare State que existiu foi sempre para funcionários públicos ou cidadãos pertencentes a determinados regimes sociais.

Na minha opinião nunca existiu um verdadeiro Welfare State universalista como no Reino Unido, Alemanha ou Suécia.

Se estudarmos a história da europa pós 1945 quando foi criado esse sistema no Reino Unido nem Portugal sabia o que isso era nem nunca fomos doutrinadores nesse campo.

A realidade crua é esta: os idosos vão ter que trabalhar mais pois com as reformas de miséria que recebem que nem dá para pagar os medicamentos quanto mais a alimentação, os filhos vão ter que ajudar os pais quando podem, pois com a taxa de desemprego a aumentar como é que eles também vão poder ajudar os pais? .............Desculpem mas isto foi um pesadelo.....pois o sonho tornado em realidade é que neste momento estou a lêr uma noticia de um jornal diário de 2015 que diz tem a seguinte manchete:" Reformados portugueses enchem praias do Algarve e ocupam a maior taxa de ocupação nas Unidades Hoteleiras locais" Segundo uma fonte oficial o instituto de turismo considerou um mercado estratégico a promoção de Portugal junto do segmento dos reformados portugueses, pois, têm elevado poder de compra e são uma alternativa aos turistas do norte da europa.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Dia da República - Dia de Reflexão histórica

Hoje comemora-se em Portugal o dia da República. 5 de Outubro de 1910 marcou a ruptura com a monarquia e a instauração do regime republicano em Portugal. Independentemente de sermos monárquicos, republicanos, maçons ou não maçons ou quer que seja, hoje é um dia de reflexão para olharmos para a nossa história de Portugal feita de rupturas e avanços, de mudanças politicas e sociais, de confrontos entre principios ideológicos e valores politicos. História é continuidade e feita de pessoas que marcaram um determinado periodo e que acreditavam em determinados valores como a coisa pública e na necessidade da mudança.
Hoje o que é a coisa pública? um conceito abstracto...............Mal utilizado e fora de contexto. Tudo é coisa pública. Fecham-se hospitais e maternidades no interior em nome da coisa pública, desertifica-se o interior em nome da coisa pública. Será que também se quer acabar com o conceito de comunidade e de serviço público em nome da coisa pública? O Estado existe porque eu cidadão existo?
Deixo-lhes para reflexão um excerto da obra o Novissimo principe (Edição especial de 1980) do Professor Adriano Moreira que dizia o seguinte: " A comunicação entre as gerações processa-se com resistências inegáveis, que ocasionam cortes irreparáveis entre a experiência dos mais velhos e a criatividade dos mais novos, tudo em prejuizo da preservação do abalado consenso nacional". E continuando a sua leitura: " Existe uma diferença fundamental entre ideólogos, revolucionários, politicos e estadistas. Dos primeiros aquilo que nos chega são traduções sem concorrência de de um pensamento nativo, que nehuma das formações politicas em acção produziu dentro das duas fileiras. O internacionalismo é a regra do nosso tempo, mas isso não implica que a corrente do pensamento circule num único sentido, sem retribuição nascida nas originalidades nacionais".

quarta-feira, outubro 04, 2006

A Adesão de Portugal e Espanha a União Europeia - Visões diferentes caminhos diferentes

Tem sido tema de reflexão para o cidadão comum a seguinte questão: Porque é que Espanha está a viajar em primeira classe no Euro-Train e Portugal continua a viajar em 2ª classe num comboio que se não for aumentada a capacidade poder correr o risco de desativação?
Vejamos uma possivel explicação do ponto de vista estratégico mas que é discutivel e polémica:

Espanha considerou sempre a adesão à União Europeia um factor estratégico de:
- desenvolvimento económico,
- integração de Espanha na cena politica europeia
- engradecimento do seu papel no relacionamento internacional com a Ámerica Latina

Portugal quando aderiu a Ex-CEE numa definiu uma estratégia quer europeia quer internacional, apesar de existir um consenso entre todas as forças politicas da altura que com a perda do império ultramarino e do relacionamento altlântico a possivel alternativa para o nosso desenvolvimento económico estava na Europa. A Europa trouxe-nos uma aproximação as economias mais fortes e a integração no maior espaço comercial do globo com reais vantagens para o progresso da nossa sociedade.
Contudo, toda a ajuda financeira que recebemos e nomeadamente a transferência de fundos comunitários não podem ser vistos como um fim mas como um meio para o alcance de niveis de desevolvimento similares dos Países do centro e norte da Europa. Isso ninguém põe em causa e não gosto de fazer demagogia. O que é criticável é um pais que condiciona o seu desenvolvimento económico a ajudas recebidas do exterior mostra que não tem uma estratégia nacional mas sim uma relação de dependência de centros de decisão externos mas em que a influência no processo de decision-making é reduzido.

Em geoestratégia existe uma fórmula P=VX C (Poder =Vontade x capacidade). Se queremos ter poder internacional e capacidade de influência em Bruxelas devemos seguir a seguinte estratégia:
- Estratégia nacional acima de interesses corporativistas e sectoriais
- Definição do interesse nacional
- Estratégias de Lobbying concertado
- Formulação e implementação de uma politica externa que tenha em conta os interesses nacionais e permanentes de Portugal (Europa-África - América)
- Forte articulação entre Estado, Empresas, Sindicatos e forças vivas da sociedade civil de forma a reforçar a imagem de um pais coeso, forte e aberto ao Mundo com grandes consensos sobre as questões principais que entravam o nosso desenvolvimento: competitividade das empresas; educação e formação; reforma do Estado.
- Diversificação das relações internacionais de Portugal: os Pequenos países podem escolher os amigos mas não os vizinhos.
- Internacionalização da lingua portuguesa: a Lingua portuguesa deverá serdivulgada pelo sector privado e não apenas pelo Estado vejamos o caso dainternacionalização da lingua inglesa e espanhola: quantos institutos de linguas desses países existem espalhados pelo mundo? Em Portugal só falamosno defunto instituto camões.
- Organização definitiva do modelo de promoção das exportações e de captação de IDE.
Agora extinguiu-se a API antes criou-se a API............brinca-se com instrumentos diplomáticos como quem joga ás damas......... que reflexos têm estas decisões no exterior? O que irão pensar os potenciais investidores? Os jogadores e o relvado estão sempre a ser mudados..............

Em Espanha o ICEX não muda porque mudam ministros ou presidentes, pois, são instrumentos diplomáticos e a arma diplomática implica continuidade mesmo que haja mudanças politicas internas "My country right or wrong" disse Churchill.

Quando os Espanhois aderiram à União Europeia afirmaram: daqui a 10 ou 15 anos queremos estar no posicionamento internacional X......Portugal não................apesar de termos feitos grandes progressos......leiam o que diz António Barreto no seu livro "tempo de incerteza" que é uma análise" brilhante do ponto de vista sociológico da nossa história económica e social pós 25 de Abril.

O que falta infelizmente em Portugal é uma nova geração de politicos com visão estratégica e descomprometidos de traumas do passado, mas essa geração ainda não têm acesso aos centros de decisão.
Portugal evoluiu bastante no pós adesão e não se esqueçam que num sistema internacional globalizado um País pequeno tem sempre a ganhar estando dentro do sistema em vez de estar fora.
Estar fora implica isolamento internacional......vejamos a albânia.......o que é importante é defendermos os nossos interesses nacionais e ter pessoas capacitadas e qualificadas para essa missão.

Os Espanhois nisso são bons já que através das posições e lugares internacionais que têm acesso engrandecem a MARCA ESPANHA. podemos aprender com os nuestros hermanos.

Em pleno 2006 e vinte anos passados após adesão à UE entristece-me sermos vistos como os pobres da europa, atrás da República Checa, Eslovénia e Grécia, termos portugueses a serem explorados no mercado de trabalho em Espanha e na Holanda e a serem expulso dos Açores e porquê? porque começando pela máquina diplomática e consular não existe espirito de defesa do interesse dos nossos cidadãos. Ser português devia ser motivo de orgulho para esses cidadãos......numa europa alargada os Portugueses ainda são vistos como eram antes de 1974? ir a salto... e o conceito de cidadania europeia?

Os nuestros hermanos já estão na europa rica e EL TORO associado ao orgulho(vontade x capacidade) dá-lhes poder para serem tratados como gold members da União Europeia nós ainda parece que estamos longe disso.

terça-feira, outubro 03, 2006

Internacionalização e lingua portuguesa

Hoje em dia o tema da internacionalização está na ordem do dia. Governo e empresários todos defendem que o caminho para a sobrevivência da nossa economia passa pela internacionalização. Contudo, quando se fala em internacionalização existe um factor que tem sido menosprezado e que é o factor -lingua portuguesa.
Porque é que não valorizamos a nossa lingua nos processos de internacionalização?Como o fazem os americanos, os espanhóis, os britânicos e o franceses?

Espanha quando definiu por exemplo a sua estratégia de politica económica externa para o mercado brasileiro teve como suporte a diplomacia da lingua e da cultura castelhana como factor de afirmação cultural e económica no mercado. O que é que fez? enviou um conjunto de professores/leitores de lingua castelhana para o brasil e abriu localmente dezenas de institutos cervantes.

Os ingleses também têm o seu British Council que é um instrumento diplomático de divulgação da lingua e cultura inglesa e para além disso contam com a internacionalização da lingua inglesa via sector privado como é o caso de institutos de lingua como a International House e EF
ou outras marcas que actuam nesse campo e que já são verdadeiras insignias internacionais.

E em Portugal o que temos feito? temos o defunto Instituto Camões e meia-dúzia de leitorados que lutam com dificuldades orçamentais. Enquanto que também da parte do sector privado não temos grupos empresariais constituidos que actuem no ensino e divulgação da lingua e lingua portuguesa no plano internacional como existe no Reino Unido.

Nas recentes multinacionais portuguesas os programas de lingua portuguesa deveriam estar mais presentes e deviam ser ministrados aos quadros das filiais estrangeiras.

Nas bibliotecas estrangeiras deviamos encontrar mais livros de autores portugueses. As campanhas de promoção de Portugal no Mundo não deviam menosprezar a componente da lingua e especificidades culturais de portugal de forma a apresentarmos um produto diferenciado.

Os nossos escritores deviam estar associados aos processos de internacionalização. As empresas portuguesas ao internacionalizarem-se para determinados mercados localmente deveriam apoiar acções de comunicação e de divulgação da lingua e cultura portuguesa de modo a reforçar empresas com identidade portuguesa.

Sabemos que é um trabalho longo e continuo mas se analisarmos o sucesso de determinados países com capacidade de projecção internacional temos sempre associado uma estratégia global com variaveis: económicas, culturais, financeiras, financeiras e acima de tudo com assumpção de obtenção de prestigio e influência internacional.

Why diplomacy matters?

Portugal é uma velha nação europeia aberta ao mundo e a globalização. Ser uma Nação aberta ao Mundo significa elevada capacidade de relacionamento internacional e uma leitura atenta e permanente dos desenvolvimentos internacionais em várias áreas geográficas do globo.

Para que essa capacidade de relacionamento internacional seja posta em prática torna-se imperativo um novo modelo de diplomacia atentas as mutações dos sistemas politico e económico internacionais e aos mercados emergentes com potencial de investimento e de exportação para as empresas portuguesas.

A diplomacia deverá estar munida de um eficaz sistema de market research como suporte de forma a os decisores politicos e empresariais obterem informação em tempo útil quando têm que formular estratégias politicas e empresariais.
A chamada E-Diplomacy que já é praticada nos EUA e em outros países com interesses globais é uma ferramenta fundamental nesta era de informação.
As embaixadas e as delegações do ICEP no exterior deverão funcionar em network e estar munidas de Sistemas de Informação actualizados e com apropriados Data Base Management. A expressão utilizada no mundo empresarial " gathering information" deverá estar presente na diplomacia portuguesa de forma a serem recolhidas informações correctas na politica e economia internacional.
Para além disso, o planeamento estratégico deverá ter um papel relevante na detecção das nossas forças e fraquezas e das ameaças e oportunidades para as empresas portuguesas que operam no mercado internacional.
Sempre que fosse definido um mercado-alvo ou uma prioridade da nossa politica externa esses temas deveriam ser debatidos com os actores intervenientes nesse processo e com todos aqueles que têm interesses nesses mercados ou nessa prioridade de politica externa.
A Politica externa de um País tem sempre como objectivo a defesa do interesse nacional. A definição de interesse nacional hoje em dia tem componentes diferentes do passado. Contudo, a vertente diplomacia económica e a sua interacção com a politica doméstica cada vez são mais relevantes o que implica a articulação entre o Estado e outros agentes económicos.

Deslocalização para Espanha e os seus Opositores

A deslocalização das empresas internacionais para Espanha deve-se na minha perspectiva aos seguintes factores: Centralidade Ibérica e consolidação do mercado Ibérico que é um mercado único na perspectiva das multinacionais há bastantes anos. Principalmente das multinacionais norte-americanas. Forte relacionamento politico-diplomático EUA-Espanha que se aprofundoubastante com o Governo de Aznar e que já é uma continuidade e um eixo permanente da politica externa espanhola. Imagem de prestigio internacional de Espanha e o seu crescente papel como actor na cena económica e comercial internacional. Atractividade fiscal do mercado. Melhores custos operacionais em termos de logistica e de supply chain. Forte competitividade dos Portos Espanhóis: Barcelona e Valência emdetrimentos dos Portos Portugueses. Qualificação dos RH e internacionalização das universidades espanholas.Por exemplo no ranking dos MBA do The Economist o IESE já está no topo a competir com o mundo anglo-sáxonico. Para não falar em ESADE e Instituto de Empresa. As Universidades Espanholas e digo isto por conhecimento de causa todos os anos atraem milhares de estudantes qualificados do mundo latino-americano na área das pós-graduações. Se uma multinacional norte-americana com interesses na america latina quiser recrutar um quadro para mobilidade internacional ou para ser expatriado para esses mercados pode recrutá-lo em Espanha ou nos EUA (hispano-falantes).
Posicionamento internacional de cidades como Barcelona e Madrid que desenvolveram estratégias de marketing territorial com vista a atrair quadros internacionais e IDE. O que é que Lisboa e Porto por exemplo têm feito nesse sentido? O Mestre Kotler já falava deste novo marketing que nos lembra o velho modelo das cidades-Estados. Politicas públicas coerentes e transparentes. O modelo de comunidades autónomas em Espanha torna-se mais fácil para quem quer investir e obter incentivos. Forte articulação Estado/Banca e Associações de empresários quer na estratégia de promoção das exportações quer na atraacção de IDE. Diplomacia económica profissionalizada. A existência de um grande número de quadros espanhóis em posições de destaque em empresas internacionais que podem influenciar os mecanismos de decisão. Na internacionalização das economias e captação de IDE esse aspecto não deve ser descurado e Espanha sabe utilizar com habilidade.No caso português temos que saber "vender os nossos atributos positivos"numa perspectiva de longo prazo.O investidor olha para Portugal como um todo. E como sabem as nossas politicas públicas não são coerentes e numa perspectiva de longo prazo mas meramente de carácter imediatista e mediático.Como captar investimento para Portugal? quando o todo não funciona em harmonia? Poder Central, Autárquico, Institutos Públicos? a Johnson Controls fecha............a GM da Azambuja fecha........e o português fica sempre a espera que o D. Sebastião do Terreiro de Paço venha resolver-lhe esta questão? sempre o Estado omnipresente...... E os clusters nacionais com PME portuguesas onde estão? essas não apoiam porque não dão direito a capa de jornal e feira de vaidades.....toca a apoiá-las na sua internacionalização com programas realistas e exequiveis como se faz em Espanha