Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sexta-feira, setembro 29, 2006

FALTA CUMPRIR PORTUGAL

Fazendo eco e decalque do que é o sentimento de muitos de nós fresianos, deixamos o registo das palavras do mestre, as quais, em seu tempo, demonstraram a esta nação, outrora valente, que faltava cumprir Portugal. Acreditamos que ainda nos falta cumprir Portugal...

O Infante

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse,
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.


Fernando Pessoa em “A Mensagem”

quarta-feira, setembro 20, 2006

Uma fusão anunciada

Entre a API e o ICEP.
O Governo decidiu e anunciou a fusão entre estas duas instituições, ambas criadas, é verdade, com objectivos estratégicos similares, como sejam, em termos globais, a contribuição para o fortalecimento, crescimento e desenvolvimento do sector empresarial e da economia portuguesa. No entanto a cada uma é atribuída uma função diferente e uma missão distinta. Por isso discordamos desta fusão. Quanto a nós estamos perante uma decisão que resulta de um equívoco, pois ainda que existam objectivos genericamente confluentes, ambas as instituições estabelecem formas de actuação e trilham caminhos diferentes, pelo que, não vislumbramos qualquer vantagem nem complementaridade na sua fusão. Para melhor nos elucidarmos sobre a missão e o âmbito de actuação da API e do ICEP vejamos primeiro a API em http://www.investinportugal.pt/:

“A API – Agência Portuguesa para o Investimento tem como objecto a promoção activa de condições propícias e apoios, para a realização de grandes projectos de investimento, de origem nacional ou de origem estrangeira... assume o papel de interlocutor único para os promotores de investimento de dimensão elevada, sejam nacionais ou estrangeiros”.

Quanto ao ICEP podemos ver em http://www.icep.pt/ que o ICEP tem como missão “desenvolver e executar politicas de apoio à internacionalização da economia portuguesa, à promoção e divulgação das actividades económicas, nomeadamente na área do comércio de bens e serviços, da imagem de Portugal e das marcas portuguesas no exterior”.

Posto isto, é mais do que evidente as diferenças na missão de cada uma delas. Não estamos aqui a defender a sua extinção nem a menosprezar os seus objectivos, como defendem alguns economistas, por exemplo no caso da API, quando defendem que só os maus países que não são atraentes têm necessidade de captar o investimento do exterior, pois caso o fossem, não teriam essa necesssidade pois vendiam-se a si próprios. O que dizemos é que esta decisão corre ao contrário do que acontece noutros países.

Este modelo de fusão é o oposto do que está a ser adoptado pelas economias mais fortes, que revelam maior capacidade exportadora e elevado grau de atractividade de IDE como é o caso da Espanha.
Espanha tem o seu ICEP (ICEX) mas acaba de criar recentemente a INTERES (ver em http://www.interes.org/).

Segundo notícia recentemente publicada no reliable FDI magazine (Grupo FT) em Junho deste ano onde se entrevistava a responsável pela gestão de marketing e comunicação do INTERES “ o INTERES foi criado em Outubro de 2005 com um capital social de € 300.000. O accionista é o ICEX, Instituto do Comércio Externo Espanhol. De acordo com o relatório sobre o investimento mundial em 2005 da UNCTAD, Espanha é um dos países destino mais atractivos para o investimento estrangeiro e está classificado no 8º lugar entre os países que mais investimento captou no exterior… a criação de um organismo como este torna-se necessário e essencial tendo em vista publicitar as vantagens competitivas e a imagem de Espanha como país atractivo para o investimento estrangeiro”.
As funções de captação do investimento estrangeiro em Espanha, antes da responsabilidade da Direcção Geral para o Turismo e Investimento, departamento do Ministério da Industria, Comércio e Turismo, passam a partir de finais de 2005 para a esfera da responsabilidade do INTERES.

Mas há mais exemplos: A República Checa tem dois organismos:

- Czech Trade- Czech Invest

Hong Kong tem dois organismos:

- Invest HK- Hong Kong Trade and Development Council

A Suécia tem igualmente duas instituições distintas:

- Invest in Sweden (ISA)- Swedish Trade Council


Quando a tendência nos outros países é fazer a separação entre a instituição que promove o país no exterior e a que é responsável por captar o investimento estrangeiro, em Portugal caminha-se no sentido oposto e pretende fundir-se. Com que objectivos e vantagens? Para desburocratizar? Para racionalizar?
Julgamos que nem tudo deve ser pensado apenas na perspectiva da desburocratização, uma vez que, com seriedade política, eficiência na gestão, preserverança e realismo nos objectivos, a burocracia não incomodará assim tanto. Qual a relevância e o papel actual do IAPMEI? Porque não agilizar a interligação deste organismo com as associações empresariais e com as câmaras de comércio e indústria?

Sabemos por experiência profissional que a maioria das empresas portuguesas não estão presentes nos marketplaces de comércio internacional e que quase desconhecem as estratégias de e-business.O próprio site do ICEP é medíocre prestando notícias passadas. Relevante seria apresentar relatórios sectoriais sobre os clusters nacionais, divulgar oportunidades de negócio em tempo real, informação que seria de extrema utilidade para os empresários nacionais promoverem os seus produtos e serviços e ainda para os importadores estrangeiros conhecerem a oferta nacional desses produtos e serviços.
Do ICEP gostaríamos de ver ministradas acções de formação contínua sobre temáticas de comércio internacional como acontece em Espanha no homólogo ICEX. Em Portugal, contrariamente ao que encontramos na Irlanda com o Irish Exporters Association, não existe nenhuma associação privada para promoção do comércio além fronteiras, o que certamente representaria uma forma complementar de atender às necessidades do país em termos de promoção nos mercados internacionais e concorreria com as acções do ICEP reduzindo assim a responsabilidade e o excessivo papel do Estado na promoção do comércio externo.


Alfredo Motty e Mário de Jesus

segunda-feira, setembro 18, 2006

A China no caminho do turismo nacional

Tal como previmos e desejámos em recente discussão do FRES, eis a China no caminho do turismo português. Os dados apontam para que não nos tenhamos enganado.

Fazendo referência a um artigo de hoje do Jornal de Negócios, o qual se baseia num estudo efectuado pelo Espírito Santo Research, a China e a Irlanda deverão ser as apostas do país.
O sector do turismo representa 11% do PIB nacional (um dos sectores mais importantes da economia). Mas o seu crescimento é ainda insuficiente, estando atrás do registado pelos nossos parceiros (e concorrentes) espanhóis. Em 2004 Portugal encontrava-se na 20ª posição do ranking mundial de destinos turísticos, o que, segundo a World Tourism Organization, equivale a uma (pequena) quota de 1,5%. Havíamos caído 5 posições relativamente aos dados de 2002. No topo temos a França, Espanha e EUA. Entre 2004 e 2014 o turismo em Portugal deverá registar uma quota média de crescimento anual de 4,6%. Segundo o mesmo estudo Portugal deve apostar na captação de turistas provenientes da China e Irlanda. Porquê? Porque a relação histórica com a China (via Macau), o potencial de turistas que no futuro podem gastar mais, assim o exige. Com a Irlanda porque, ainda que apenas 2,5% dos turistas sejam Irlandeses, são os que permanecem, em média, mais noites. Segundo o Eurostat, os principais turistas em Portugal são os espanhóis, britânicos, alemães e holandeses. Apostas estratégicas do turismo nacional: congressos,, golfe, mar, turismo residencial e termas.

A China, já a 6ª maior economia do Mundo em 2004, à frente da Itália, prevê-se que venha a ser a 5ª maior após dados recolhidos de 2005 (à frente da França). As maiores: EUA, Alemanha, Inglaterra, França, China e Itália. Fantástico, para um país fechado ao Mundo há 1 década.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Jantar/Debate

Realizou-se ontem, dia 12, no Restaurante Kardápio em Lisboa, mais um jantar/debate organizado pelo FRES.
Em discussão estiveram temas como a preparação de Portugal para a sociedade do conhecimento, no âmbito da estratégia nacional para o desenvolvimento sustentável, com especial incidência na discussão do estado da educação em Portugal. Foram ainda abordados exemplos de sistemas educativos como o Alemão, Finlandês (Escandinavo) e Americano.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Rumo à China

A propósito da Cimeira Europa-Ásia realizada hoje em Helsínquia, Finlândia, assistimos ao aperto de mão entre o 1º Ministro Sócrates e o 1º Ministro Chinês.
O que se espera é que este não tenha sido apenas um acto mediático para a fotografia da posteridade mas sim um acto consciente e realista que manifeste a importância que a China pode ter para o futuro da economia e das empresas portuguesas.

Mais ainda é de louvar a intenção divulgada por Sócrates em preparar em breve uma visita com missão empresarial a este país. De facto a China é já e será no futuro um parceiro incontornável nas relações económicas e empresariais, para a Europa em geral e para Portugal em particular. Não esqueçamos a alavanca politica, cultural, económica e empresarial que representa Macau para nós (ou não fosse a presença portuguesa naquele país durante 500 anos). O caminho é este e está certo – rumo à China.Vendemos muito daquilo que a China compra – por exemplo serviços financeiros sofisticados – a China compra muito daquilo que vendemos – por exemplo Turismo. Aguardamos a continuidade.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Como promover Portugal

Portugal tem em curso um plano estratégico de promoção do país no estrangeiro, designado por “Programa Marca Portugal” gerido pelo Ministério de Economia e Inovação e operado pelo ICEP em colaboração com vários organismos públicos. Tendo em vista a necessidade do país em captar mais investimento estrangeiro, aumentar as exportações e atrair um maior número de turistas, tais metas só serão alcançadas se o país apresentar uma imagem positiva e de confiança no exterior, aliada a uma reputação de qualidade.

Este programa insere um conjunto de iniciativas desenvolvidas segundo 7 eixos de acção com objectivos específicos:

Eixo 1 – Padrão Portugal

Eixo 2 – Clube de Marcas Portuguesas

Eixo 3 – Difusão Portugal

Eixo 4 – Acções de Portugal Marca nos Mercados

Eixo 5 – Portugal Acolhe

Eixo 6 – “Prefiro Portugal”

Eixo 7 – Medir para Gerir

Tendo em vista o programa acima referido, Portugal deve aproveitar o marketing “Word of Mouth” como ferramenta para divulgar e promover o país no exterior. É opinião dos profissionais do sector, dos governantes e aceite por muitos portugueses, que o turismo é um dos vectores em que o país mais deve apostar, dada a qualidade de factores como a beleza natural, o clima, o mar, as praias, a gastronomia, a segurança, sem esquecer a riqueza histórica e a amabilidade intrínseca de um povo de brandos costumes. Os predicados estão cá todos. Como fácilmente percebemos, este conceito de marketing será especialmente eficaz ao nível dos eixos 5 e 6 deste programa.
Que melhor forma existe para divulgar o país que não seja pela própria palavra e através daqueles que todos os anos nos visitam? Portugal recebe todos os anos mais de 27 milhões de visitantes. Só de Espanha vêm mais de 20 milhões de visitantes - que de norte a sul do país conhecem a nossa história, cultura, lugares, sabores, tradições, gostos e simpatia. Veja-se a amplitude que pode tomar a promoção do nosso país através destas pessoas. Quem melhor do que eles para falar de nós, se puderem retornar ao seu país para contar os bons momentos e experiências aqui passadas? Mas para que isso aconteça têm que ser bem recebidos e tratados, servidos de forma ímpar e profissional, acompanhados nas suas necessidades, demonstrando-lhes interesse no seu bem estar, superando as suas expectativas ao nível da qualidade dos serviços prestados.